Info Atualidade (449)

Unindo passado e futuro: presentes no Festigal

 Concha Rousia

Concha Rousia

Se existisse o tempo, nossa seria a agulha de coser os dias, ou, como preferimos os de coração celta, de coser as noites, à luz da Lua, com a Coruja como testemunha e o Lobo guardando a distância.

Mas, mesmo o tempo sendo provavelmente um invento das nossas mentes, é nele que nos movemos, um tempo que medimos por minutos, por décadas, e mesmo por séculos, e ainda por vezes, por segundos... ora que alguns de nós temos que o medir por séculos de injustiças num relógio alheio, que espeta em nós as agulhas do tempo que eles sonham apenas seu, enquanto sentimos que nos matam, eles matam-nos mas nós morrer não morremos, pola contra, nós fazemo-nos mais fortes como ancestrais chineses que somos, mesmo não sendo chineses, mas sendo, sem nenhuma dúvida, o mesmo Ser.

E chegou o dia de celebrar Galiza, ou a noite, que para nós é a que une o 24 com o 25, e bem podia ser outra qualquer... Este ano, num contexto de desesperança polo cenário político no que sentimos desfazer-se o nosso mundo, com o feche dos jornais digitais Vieiros e Chuza, participamos nós como Instituto Cultural Brasil Galiza, por primeira vez no dia nacional da Galiza.

Fizemo-lo irmanados com a associação Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa, que em certo modo é a mãe da AGLP, da mesma forma que o Instituto, é em parte, filho da AGLP; e fizemo-lo com uma mestiçagem dos dous mundos, harmonizando as duas beiras do mar, do mar que fala a nossa língua, como fala outras, porque o mar fala todas as línguas, todas cabem na boca salgada e infinda do mar... Esse mar que estava presente em nosso imaginário; ajudavam duas bandeiras, a do Brasil e a da Galiza, fazendo de velas movidas por um vento providencial, que batia em nossa nave, uma imensa e majestosa árvore que foi ademais refúgio face ao implacável sol de julho.

Na cantina da nossa nave servia-se uma bebida criada por nós: a ‘caipirega’ (caipirinha feita com aguardente galega). Foi um mar de gente a que se passou a experimentar essa nossa poção mágica e à vez iam aprendendo quem éramos nós, quem era a tripulação do ICBG que tal como os membros da Pró, na mesma nave, vestia camisolas pretas que também foram criadas para a ocasião, e nelas dous pássaros, um papagaio e uma pega, falavam... Lindas, desenhadas polo Xico Paradelo, que também foi remador na nossa caravela na que vamos resgatar o velho mundo, levando em nosso porão o que mais amamos deste novo... remamos tantas e tantos companheiros que seria interminável a listagem, e eu iria esquecer alguém, mas há uma pessoa que merece menção de honra, essa é a Nerea, minha filha de 10 anos, que talvez por ter nascido do outro lado do Atlântico, lá nas Américas, ou por ser ninfa, entende muito de atravessar oceanos...

...trabalhou como nunca na sua vida toda trabalhara, hora após hora, até mais de cinco seguidas, ajudando a preparar as ‘caipiregas’ e os cafés, e dependurando as nossas mercadorias para atrair o público, variado e amigo... e junto de Nerea não quero esquecer a pequena Aldara, filha do secretário do ICBG na Galiza, que com seus 6 meses de idade se inaugurava às festas da Galiza como o próprio ICBG, e ela deu o que tinha, sua atenção, tão entregada estava à festa que sua mãe não conseguia que atendesse a mamar, pressenti nela já a futura guerreira...

www.brasilgaliza.org

E do outro lado da ponte do nosso navio estavam os amigos do PT do Brasil, onde a Jeanne e o José informavam sobre o partido dos trabalhadores do Brasil; nem seria preciso mencionar a irmandade de nossos barcos, que para além de amigos se sabem irmãos... e a máquina de picar o gelo da bancada do PT Brasil, onde a Jeanne, no mais puro estilo brasileiro, servia caipirinhas, ia e vinha para trabalhar duplo até que os das caipiregas conseguimos o nosso próprio pica-gelos...

Por nossa beira foi passando e parando a gente, e nós, ora um, ora outro, fomos também de visita a outras bancadas e atos... Saliento dous, aos que eu consegui assistir, e num até participei; esse foi a apresentação dos Cantares Galegos de Rosalia de Castro que o académico Higinio Martins adaptou com um mimo extraordinário. Na apresentação participou o editor Heitor Rodal, que veio desde a Barcelona para apresentar vários livros da sua editora no Festigal 2010; participou também Ernesto Vázquez Souza, académico responsável da edição deste clássico da AGLP, primeiro livro da coleção; a mim coube-me a honra de abrir e fechar o ato sendo a voz dos poemas de Rosalia...

(...)

Cantar-te-ei, Galiza,
teus doces cantares,
que assim mo pediram
na beira do mare.

Cantar-te-ei, Galiza,
na língua galega,
consolo dos males,
alívio das penas.

Mimosa, suave,
sentida, queixosa,
encanta se ri,
comove se chora.

Qual ela nenhuma
tão doce que cante
soidades amargas,
suspiros amantes,

mistérios da tarde
murmúrios da noite;
cantar-te-ei, Galiza,
na beira das fontes.

Que assim mo pediram,
que assim mo mandaram,
que cante e que cante
na língua que falo.

Que assim mo mandaram,
que assim mo disseram...
Já canto, meninhas.
Cuidai, que começo.

(...)

Foi entre amigos, nossos e de Rosalia, foi uma hora para medre e desfrute da nossa alma galega.

A seguinte apresentação à que antes já me referi foi a do Sempre em Galiza de Castelão, que assim como os Cantares de Rosalia abriram o Festigal, este encerrava-os, como duas chaves mestras das portas que se reabrem para levar os nossos clássicos a verdadeiramente se universalizarem no contexto lógico, e até se poderia dizer que natural, da nossa língua. Para falar do Sempre estava Miguel Penas representando a Através, editora da AGAL; estava também Camilo Nogueira, um dos primeiros políticos galegos em usar a nossa língua no Parlamento Europeu, defensor incansável da unidade da língua galego-portuguesa, e batalhador incansável a quem eu há já tempo que aprendi a admirar.

E por último falou Fernando Corredoira, as mãos e a mente que dialogaram durante longos dias e anos para achegar a obra de Castelão aos leitores de hoje, especialmente aos que a desconhecem mesmo sendo obra da sua língua, os leitores da Lusofonia. Corredoira leu o texto introdutório que ele fez para a obra, e entregou nele tudo o que era preciso saber para entender o seu trabalho... E aí acabou o Festigal literário, que se continuou com os concertos...

Arriamos velas, as bandeiras brasileira e galega, que já presenciaram juntas a inauguração do ICBG no Instituto Federal de Santa Catarina, Br, em março deste mesmo ano, e guardamos as nossas cousinhas, especialmente as lembranças de futuros que nasceram hoje...

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A EBI da Maia vai preparar os seus docentes para o Acordo Ortográfico

Escola Básica Integrada da Maia

O professor Malaca Casteleiro fará parte das ações formativas

PGL Portugal - A Escola Básica Integrada da Maia, na ilha de São Miguel (Açores), vai preparar os seus docentes para as novidades que traz o Acordo Ortográfico, antecipando-se ao período em que ficará oficialmente obsoleta a velha norma, 2014.

Na sequência do compromisso assumido em 30 de Março de 2009 na Sessão de Esclarecimento sobre o Acordo Ortográfico de 1990, com a presença da Diretora Regional da Educação, Dra. Fabíola Jael de Sousa Cardoso, dos Professores Doutores Malaca Casteleiro (Academia das Ciências de Lisboa), Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras), Carlos Reis (Reitor da Universidade Aberta), Dr. Ângelo Cristóvão (da Academia Galega da Língua Portuguesa) e Dr. Chrys Chrystello (Presidente da Comissão Executiva dos Colóquios da Lusofonia), a Escola Básica Integrada da Maia, vai antecipar-se e começar a preparar os seus docentes para as novas regras ortográficas.

Assim, deslocar-se-á propositadamente à Maia, o Professor Doutor Malaca Casteleiro (Academia das Ciências de Lisboa) durante a semana de 12 a 16 de Julho, para ministrar uma Ação de Formação sobre as alterações já aprovadas e que, lentamente, começam a vigorar sob a alçada do 2º Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de 1990. Lembra-se que Malaca Casteleiro foi um dos linguistas da delegação portuguesa envolvidos na conceção das novas normas. As inscrições, já esgotadas, permitirão ainda a professores de outras escolas da ilha de São Miguel beneficiarem desta Ação de Formação.

A EBI da Maia pretende assim manter-se na vanguarda, ao preparar, atempadamente, os seus professores e demais pessoal escolar para as novas normas, não esperando pela execução nacional das mesmas.

Igualmente, de salientar, que a EBI da Maia fez em devido tempo, uma proposta à Direção Regional da Educação para a inclusão no Currículo Regional do Ensino Básico de autores de matriz açoriana. Está, neste momento, a Professora Doutora Rosário Girão dos Santos da Universidade do Minho conjuntamente com a Mestre Helena Chrystello, a ultimar a publicação de uma Antologia de Autores Açorianos Contemporâneos.

Trata-se, em suas palavras, de colmatar «uma grave lacuna» que visa enaltecer a rica produção literária açoriana contemporânea e dá-la a conhecer aos mais novos num esforço de dinamizar, igualmente, o gosto pela leitura e a preservação do caráter cultural açoriano e suas idiossincrasias.

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Cantares Galegos de Rosalia de Castro

Rosália de Castro: Cantares Galegos

Artigo publicado em "O Patifúndio", revista cultural da lusofonia

José Luís do Pico Orjais (*) - Do ponto de vista de um galego existem duas formas diferentes de ser lusófono. Uma, que poderíamos chamar natural, dá-se pelo simples feito de utilizar a nossa língua. Mesmo falando um galego ruim, tens de ser considerado membro da comunidade, ainda que tão só seja como aberração. A segunda das maneiras seria a de pertenceres em consciência, é dizer, tendo reflexionado sobre o problema do idioma do que fazemos parte.

Os galegos conscientes, a diferença dos naturais, precissamos duma educação continuada de desalfabetização e posterior realfabetização, alem duma permanente proteção antivírus para não ser novamente acastrapados (alienados). Mas a consciência não se fez, coma no caso do Príncipe dos Apóstolos, subitamente após uma revelação, senão que tudo é um processo onde o feedback entre os lusófilos do entorno resulta fundamental.

No meu caso há três livros verdadeiramente basilares dos que não lembro nem quem os recomendou nem como chegaram a mim (prometo não te-los roubado), mas que são fulcrais sobre o idioma arrumei que construi no meu cérebro. São os seus títulos, Ensaios e poesias (1974) de João Vicente Biqueira, Da Fala e da Escrita (1983) de Ricardo Carvalho Calero e Estudos Galegos Portugueses (1979) de Rodrígues Lapa. Esta trindade bibliográfica, conta de três formas diferentes uma única realidade verdadeira: O galego faz parte da lusofonia.

Trata-se de coletâneas de textos dispersos publicados mormente em prensa escrita em diferentes épocas da vida dos autores. Poderia-se traçar numa tábua comparativa as ideias expostas por cada um destes três volumes, e veríamos as importantes coincidências, nada assombrosas quando são fruto da lógica mais esmagadora. Alguma dessas ideias seguem a ser atualíssimas e deveriam estar, nos dias de hoje, presentes no debate sobre o estado da língua galega.

Ainda que soe a obviedade, os autores assinalam a diferência entre a língua literária e a falada, ou o que é o mesmo, a ingenuidade de pensar que a língua literária poda ser mera transplantação do idioma falado. RODRÍGUES LAPA, Manuel (1979) p.74

“Insisto muito na ortografia porque terá, unida à purificação da língua, uma virtude mágica: fará da nossa fala camponesa, isolada e pobre, uma língua universal, de valor internacional e instrumento da cultura, além disso, capacitará a todos os galegos para lerem o português, o qual, diga-se o que se quiser, hoje não podem fazer.” VIQUEIRA LÓPEZ, Xohán Vicente (1974)

“[...]porque esse problema da língua escrita e da língua falada, [...], tem hoje flagrante atualidade, e não se refere apenas ao Brasil mas ainda à Galiza, que se vai defrontar com ele, quando aceder à autonomia. Com efeito, aquilo que atrás dissemos sobre o caso brasileiro, poderíamos repeti-lo quase nos mesmos termos a respeito do galego: fala galega, mas língua literária portuguesa da Galiza sob o nome de portugalego, isto é, com as peculiaridades próprias de cada uma, sem prejuízo da unidade fundamental.” RODRÍGUES LAPA, Manuel (1979) p. 127

“Um prejuízo sentimental do mesmo tipo pode registar-se na postura daquelas pessoas que em matéria idiomática falam com devoção supersticiosa do galego popular, entendendo por tal o que empregam hoje os indivíduos que o usam por tradição espontânea, e não receberam instrução escolar sobre a matéria. Para estes ingénuos opinantes, o galego popular, o galego espontâneamente falado, é o galego real e ideal, o verdadeiro galego, o galego sagrado; e herético e sacrílego todo galego que não aceite com bágoas [lágrimas] patrióticas e democráticas nos olhos usos do falar do povo. Uma idolização do popular, como no outro caso uma idolização do infantil.

Mas a imperfeição que há de encaminhar-se à perfeição não pode erigir-se em estado ideal sem renunciar a este progresso. O repertório de dados infantis não pode constituir o ideal do conhecimento humano. A fala atual do homem galego que não recebeu informação sobre o galego não pode constituir o ideal do idioma. Pretender, por sentimental afeição imobilista, que uma criança não deve desenvolver-se para chegar a adulto, que um idioma silvestre não pode aspirar a converter-se num idioma culto, é um erro semelhante ao que renuncia a curar uma doença porque conheceu sempre doente ao que a sofre, e lhe semelharia inautêntico o enfermo curado.” CARVALHO CALERO, Ricardo (1983) p. 123

No caso dos novos escritores o tema está resolvido. Cada quem deve saber escolher bando: a Galiza isolada das normas do I.L.G.A. ou a Galiza que reclama o lugar que lhe pertence por direito na lusofonia.

Mas o problema reside naqueles escritores que criaram as suas obras utilizando um galego intuitivo, com «uma forte vassalagem gráfica da língua oficial.» CARVALHO CALERO, Ricardo (1983) p. 65 Este galego literário prè-normativo foi inventado por autores que desconheciam o passado medieval galego-português, a tradição literária portuguesa e que partindo da nada codificaram um idioma falado só por classes populares. O paradoxo, do que também falara Carvalho Calero, é que a língua literária galega nascia quando a língua falada começava a esmorecer.

Os Estudos Galego-Portugueses de Rodrigues Lapa são um magnífico manual do bom adaptador do texto dialetal galego ao português padrão. Capítulos como os titulados “A Recuperação literária do galego”, “Ainda a recuperação literária do galego”, “António Sérgio e o problema da língua literária” servem para por no seu justo lugar a questão e dar possíveis soluções.

Mas a coisa está a mudar. Edições da Galiza acaba de editar o primeiro volume da coleção Clássicos da Galiza. O texto escolhido para o primeiro número não podia ser outro que Cantares Galegos de Rosalia de Castro.

O patrocínio intelectual desta publicação corre a cargo da Academia Galega da Língua Portuguesa (A.C.L.P.) cujo presidente diz no prefácio o que segue:

«Um dos projetos mais queridos da Academia Galega da Língua Portuguesa, na sua tarefa de recolocar a Galiza como membro pleno da Lusofonia, é, já do momento mesmo da sua constituição, a edição de uma coleção de clássicos galegos, apresentados numa versão linguística (nomeadamente nos campos da ortografia e da morfologia) que –sem por isso deixar de ser fiel idiomaticamente aos textos originais- esteja em sintonia com o que é a língua portuguesa atual, de conformidade com o Acordo Ortográfico.» CASTRO, Rosalia de (2010) p. 7

Não é a primeira tentativa de adaptar textos galegos ao português moderno, mas sim é a primeira promovida por uma organização com poder normativo. Efetivamente, a A.G.L.P. pode aplicar as normas comuns do português internacional aos textos galegos e, a um tempo, colocada como está entre as organizações lusófonas ao mais alto nível, promover a integração das caraterísticas próprias do galego no sistema geral. Boa prova disto é a elaboração por parte duma comissão linguística da Academia dum vocabulário com léxico galego que está a fazer parte já dos mais importantes dicionários portugueses.

Com respeito aos Cantares Galegos agora editados, vale dizer que a versão da AGLP correu por conta do Dr Higino Martins Esteves, professor galego-argentino, cujo trabalho é impecável. O feito de ter sido esta a opera prima da coleção deveu acarretar para o professor Martins uma responsabilidade adicional que foi acometida com erudição e criatividade, duas qualidades imprescindíveis quando se trata de adaptar a língua sem que afete ao ritmo e a rima poética.

Heitor Rodal Lopes e Ernesto Vázquez Souza são os coordenadores editoriais e os verdadeiros ideólogos da ética e da estética da coleção. Trata-se duma edição de bolso, muito económica, o que lhe confere uma vocação de divulgação tanto da obra e da figura histórica de Rosalia de Castro, como do discurso lusófono da AGLP em favor do Acordo Ortográfico.

Por último não posso menos que parabenizar aos responsáveis desta edição dos Cantares Galegos e à própria academia pelo seu esforço e por dar-nos um texto exemplar que nos vai servir aos que escrevemos em português da Galiza como modelo a seguir.

Como colofão achego-vos as últimas linhas do livro de Rodrigues Lapa que, escritas há cerca de quarenta anos, tém um certo aroma a testamento ideológico:

«O português literário, sem garantia de propriedade, é privilégio de três países, Galiza, Portugal e Brasil, a que se juntaram agora mais cinco nações africanas emancipadas. Produto refinado de cultura que tem servido tantas civilizações, não o estraguem, por favor. Falado hoje por 150 milhões de indivíduos, no ano de 2000 por 200 milhões, ele está destinado, por obra dos homens e do universalismo de que é portador, a ser uma das expressões mais válidas do mundo que se avizinha. Pensem bem: não podemos perder esse tesouro.» RODRÍGUES LAPA, Manuel (1979) p. 129

Pobre Galiza, não deves
chamar-te nunca espanhola,
que Espanha de ti se olvida
quando és tu, ai!, tão formosa.
Qual se na infâmia nasceras,
torpe, de ti se envergonha,
e a mãe que um filho despreza
mãe sem coração se mostra.
Ninguém por que te levantes
che alarga a mão bondadosa;
ninguém teus prantos enxuga,
e humilde choras e choras.
Galiz, tu não tens pátria,
tu vives no mundo soia,
e a prole fecunda tua
se espalha em errantes hordas,
mentres triste e solitária
tendida na verde alfombra
ao mar esperanças pedes,
de Deus a esperança imploras.
Por isso em-que em som de festa
alegre a gaitinha se ouça,
   eu posso dizer-che:
   não canta, que chora.

Cantares Galegos
Rosalia de Castro

Pode-se adquirir os Cantares Galegos nos seguintes enlaces:

[1] CASTRO, Rosalia de (2010) Cantares galegos [Edições da Galiza; Barcelona] Primeira edição de 1863.

[1] VIQUEIRA LÓPEZ, Xohán Vicente (1974) Ensaios e poesías [Galaxia;Vigo]

[1] CARVALHO CALERO, Ricardo (1983) Da Fala e da Escrita [Galiza Editora; Ourense]

[1] RODRÍGUES LAPA,  Manuel (1979)  Estudos galego-portugueses [Sá da Costa; Lisboa]

[1] A cita de Viqueira está tirada da exemplar edição da sua obra completa feita por António Gil Hernández. BIQUEIRA, João Vicente Obra selecta [Associação de Amizade Galiza-Portugal; Corunha] p. 68

Fonte original:

(*) José Luís: é galego nascido em Ogrobe (1969) embora se considere natural da Ilha de Arouça, na Galiza. Atualmente ministra aulas de música no CEP Brea Segade de Taragonha (Rianjo).

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Nasce a Academia de Letras de Trás-os-Montes

Adriano Moreira, presidente honorário da Academia de Letras de Trás-os-MontesNo acto de apresentaçom, realizado passado sábado em Bragança, estivérom presentes o professor Montero Santalha e o lexicógrafo Alonso Estraviz

PGL - No sábado passado, 12 de Junho, celebrou-se no Centro Cultural de Bragança a criaçom da Academia das Letras de Trás-os-Montes. É a primeira entidade deste tipo na zona e que tem como principal fim reafirmar a identidade e persoalidade lingüístico-cultural da regiom do norte português.

Esta Academia junta escritores como Barroso da Fonte, Ernesto Rodrigues, Modesto Navarro, Jorge Tuela ou o jornalista Rogério Rodrigues, ainda que estivérom presentes cerca de três dezenas de escritores transmontanos. Inclui já parcerias com a Casa de Estudos Luso-Amazônicos (Brasil), Academia de Letras e Artes de Bragança do Pará (Brasil) e a Academia Galega da Língua Portuguesa, que estivo representada na apresentaçom polo seu presidente, o professor Montero Santalha, e o lexicógrafo Isaac Alonso Estraviz.

Nas intervençons houve referências à necessidade da defensa identitária. «É umha forma de reafirmar as identidades que temos que som, no fundo, a nossa salvaçom», dixo madeu Ferreira, dirigente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

«O que está em crise na Europa e em Portugal é o Estado e nom a identidade. E som as identidades que precisam de ser defendidas porque som a pedra de base para a reorganizaçom que precisamos», sublinhou, no seu discurso.

Amadeu Ferreira acredita que a missom deste grupo é «reunir homens e mulheres de letras de Trás-os-Montes, no sentido de se darem a conhecer, de resgatar a memória de tantos escritores e homens de letras e dá-los a conhecer, incentivar a produçom literária sobre a temática transmontana, o nosso património imaterial e identidade».

A Academia, a segunda do género inscrita na Academia de Ciências de Lisboa, terá sede em Bragança, até porque foi a autarquia a desenvolver a ideia e a dar o mote. Mas no futuro pretende-se incluir membros de toda a regiom de Trás-os-Montes.

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Governo português apresenta conversor de textos para novo acordo ortográfico

Lince, conversor para a nova ortografiaO Lince modifica os textos em base ao novo acordo do português

PGL - O governo luso apresentou na sede do Ministério de Cultura o Lince. Esta ferramenta permite converter o conteúdo de ficheiros de texto para a grafia que neste momento está a ser introduzida em vários países do espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Trata-se dum programa de livre descarga e distribuiçom que tem por objetivo tornar mais doada a adaptaçom dos textos ao novo acordo fruto do Plano de Ação de Brasília. Permite converter os textos nos formatos informáticos mais comuns e em qualquer sistema operativo, pois no Portal da Língua Portuguesa fornece-se versom para Linux, Mac e Windows.

Nom se trata exatamente dum verificador ou corretor ortográfico, já que apenas converte texto escrito corretamente segundo os instrumentos ortográficos em vigor anteriormente.

A ministra da Cultura portuguesa, Gabriela Canavilhas destacou que «é um momento importante também no quadro da diplomacia cultural a nível internacional, está em perfeita consonância com o Plano de Ação de Brasília e a promoçom da língua portuguesa».

Ainda que Lince é a primeira ferramenta deste tipo paga polo governo português, nom está decidido que este seja o conversor oficial que se empregue em Portugal para a aplicaçom do acordo nem tampouco na educaçom. Atualmente há outros conversores, cada um ligado a um vocabulário distinto, polo qual, como explicou ao Público, nom será em breve quando se tome algumha decisom a respeito.

No ato celebrado no Palácio da Ajuda de Lisboa estivérom convidados pola própria Gabriela Canavilhas Ângelo Cristovão, em qualidade de secretário da Academia Galega da Língua Portuguesa, e o também académico Joám Evans Pim.

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O magistério do Grupo Nós e o paradigma reintegrante atual

Doutor Ernesto Vázquez Souza

Doutor Ernesto Vázquez Souza pronunciará conferência em Ourense

A Esmorga Blogue - Este sábado, 14 de Maio, às 20h, o professor Ernesto Vázquez Souza vai falar no nosso local sobre o magistério do grupo Nós e o paradigma reintegrante atual.

Dentro do contexto do projeto coletivo Ocupar Abril, tomar de assalto o mês de Maio, e como parte da homenagem ao Grupo Nós que desde a nossa associação achamos imprescindível neste ano 2011 em que as instituições deixam de lado aniversários tão importantes como o da primeira publicação da Revista Nós ou do próprio Castelao, Ernesto Vázquez Souza, da Academia Galega da Língua Portuguesa, vai falar no nosso local do magistério do Grupo Nós, as suas relações com Portugal, a lusofonia e a língua numa dimensão extensa e útil.

Ademais, e como não só do passado vive a nação, falará do reintegracionismo atual como herdeiro natural das ideias, trabalho e praxe dos vultos do galeguismo histórico.

Capa do número 48 da Revista Nós

Capa do número 48 da Revista Nós

Fonte:

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Cooperação da Academia Galega da Língua Portuguesa em Moçambique

Capa e contracapa de "Não Matar É Possível"

A Academia Galega da Língua Portuguesa vem de apoiar a ONG moçambicana FOMICRES (Força Moçambicana para a Investigação de Crimes e Reinserção Social) promovendo a tradução para a língua portuguesa do volume intitulado Não matar é possível, uma obra do cientista político Glenn D. Paige, originariamente em inglês. A publicação será a base de um amplo projeto sob o mesmo título, centrado na destruição de material de guerra.

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