Info Atualidade (453)

PESAR POLA MORTE DE BRANCA GARCIA FERNÁNDEZ-ALBALAT

A Doutora em História Antiga e arqueóloga Branca Garcia Fernández-Albalat, académica correspondente da Academia Galega da Língua Portuguesa, faleceu na noite de ontem, na companha dos seus seres mais queridos.
Grande investigadora e divulgadora da cultura e da religião celta galaica e lusitana, acompanhou de estudos linguísticos a sua pesquisa arqueológica desde a USC, a Universidade do Minho, a Universidade do Porto e a UVigo, trabalhando também em escavações, assim como em atividades desenvolvidas sem amparo das instituições.
O seu contributo ao nosso conhecimento da própria história e ao fortalecimento da nossa identidade será sempre motivo de gratidão e de honra para a AGLP, que está a trabalhar para dar a conhecer a sua obra inédita.
Sabemos que a nossa académica transcenderá e que a Terra da Eterna Juventude aguarda a sua chegada.
Haverá um ato fúnebre, seguido de enterro, hoje, 1 de setembro do 2025 ás 11 da manhã, em Pompas Fúnebres da Corunha (Praça da Palhoça, 4), e pelas .20 h. funeral na Igreja de Santiago da mesma cidade.
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Ramom Reimunde, da AGLP, resgata O Bispo Santo, um belo e original produto literário de Álvaro Cunqueiro e Otero Pedrayo

Trata-se do “romance de Gonçalo Árias, santo e herói”, que ajudou os galegos. A sua história foi redigida, em 1944, por “dois grandes autores em um só heterónimo”.

 

AGLP.  22/07/2025

Texto: J. Rodrigues Gomes; Coordenação Linguística: A. Cortiças Leira; Produção: Xico Paradelo.


Ramom Reimunde, membro numerário e um dos fundadores e pioneiros da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), publicou e começou a difundir neste verão uma versão, em português da Galiza, d’O Bispo Santo. É este um original produto literário, assinado por Álvaro Labrada, pseudónimo sob o qual se acolhem Álvaro Cunqueiro e Ramom Otero Pedrayo, duas figuras centrais da narrativa galega do século XX.

Segundo se esclarece nesta recente edição, o texto d’O Bispo Santo foi assinado em maio de 1944 por Álvaro Cunqueiro, com o pseudónimo de Álvaro Labrada. Porém, “Cunqueiro incorporou ao texto original trechos d’A romaria de Xelmírez do também grande escritor Ramom Otero Pedrayo, traduzidos do original galego de 1933”. Esses trechos de Otero são transcritos nesta nova versão em negrito, assinala Reimunde. “Portanto, eis dois grandes autores em um só heterónimo“, conclui. Esta edição está ilustrada com um desenho da capa, além de um texto de contracapa, de Maria Reimunde. Consta de 114 páginas e é uma edição não venal. Relata as andanças de Gonçalo Árias, bispo de Mondonhedo como peregrino a Compostela, a Roma e a Jerusalém. Afirma-se dele que, numa estada no Ermo (Ortigueira) teve “mil sonhos e visões”. E venceu o demónio mais de cem vezes. Satanás tinha o rosto fino e frio de Peláez, o bispo de Compostela”; ou como, ao regressar de Terra Santa, “quis visitar a sua diocese, do Sor ao Eu, desde Cervo até Meira. Não se fartava de ver a terra, de cavalgar os seus caminhos. Quiçá os seus diocesanos o achavam um bocadinho estranho. Não contavam que o toparam predicando aos corvos nas penhas que hoje chamam Sermão dos Corvos?”

 O Bispo Santo trata-se de uma “maravilhosa hagiografia inventada de São Gonçalo, o Santo popular por antonomásia da nossa paróquia natal de São Martinho de Mondonhedo, –de onde a cidade bispal de Vila Maior toma o seu nome–, que celebra a sua festa a finais da Primavera no lugar que chamam O Santo, em uma ermida perto do alto d’A Grela, e ainda outra festa popular teatralizada sobre o falido desembarco normando na praia de Tupide da Ribeira, no porto de Foz, no Verão. As páginas deste livro sobre tão singular Batalha Naval são talvez as mais formosas escritas nunca sobre o mar de Foz”, afirma Ramom Reimunde.

No “Prólogo” d’O Bispo Santo salienta-se por parte de Cunqueiro [Álvaro Labrada] como no livro “conta-se a vida de um bispo dos séculos de ferro”. De um bispo galego que, depois de peregrinar pelos caminhos do mundo e vencer normandos, tendo visto a Deus, morreu tal e como está dito em Juízes, XIII, 22: ‘Os que viram a Deus morrerão’. Conta-se a vida de Gonçalo, dando-lhe o seu lugar à história e à lenda. Não, não é esta uma biografia romanceada; em todo o caso, é o romance de Gonçalo Árias, santo e herói. Deus nos ajudou com ele, aos galegos quando, aterrados, gritávamos o A furore normanorum, libera nos, Domine. As naves normandas ainda hoje afundem diante de São Gonçalo numa vidraça da catedral mindoniense, em um mar vermelho, de um vermelho do “Dies irae”.

“Linguagem limpa que brota como fonte”

Ramom Reimunde Norenha nasceu num 18 de abril de 1949 na paróquia de São Martinho de Mondonhedo, no Concelho de Foz. Na sua formação destacam os estudos na Escola Superior de Engenharia Naval de Madrid, e de Nâutica na Crunha. Atingiu o título de Capitão da Marinha Mercante. Com essa profissão, exerceu em barcos espanhóis e estrangeiros. Posteriormente, completou estudos na Universidade de Santiago de Compostela, tendo-se licenciado em Filologia Hispânica em 1979 e em Galego-Portuguesa em 1982. Tendo trabalhado como docente e investigador no ensino público, em liceus de Viveiro, Lugo e Foz, atingiu a condição de catedrático em 1992. Ramom Reimunde também salienta pela sua atividade de empresário florestal, dirigindo, desde 1989, a empresa Reimunde SAT, que é a editora deste volume O Bispo Santo, de Álvaro Labrada. Resultado dessa experiência empresarial é também O Segredo do Monte, uma história florestal do mato na Galiza.

Ramom Reimunde foi um dos pioneiros da Associaçom Galega da Língua e do Movimento Reintegracionista da Galiza, que procura a restauração da ortografia, morfologia e gramática da língua da Galiza segundo a sua história e a tradição defendida por Castelao e o Galeguismo. Entre a sua produção merecem salientar-se publicações como Cativério de Fingoi. Os anos lugueses (1950-1965) de D. Ricardo Carvalho Calero (2010), um dos estudos da sua especialização em Carvalho Calero. Também Poesia Completa de Leiras Pulpeiro (1983); uma edição de Trebom, de Armando Cotarelo (1984); Bem pode Mondonhedo desde agora (prémio de ensaio Á. Fole em 1998, sobre Leiras). Também escreveu sobre Costumes antigos de Galiza, fez a tradução da banda desenhada de Mafalda (1985), e uma crónica romancística sobre o mar e a pesca do bonito que intitulou A Costeira (2006). Neste último trabalho, resgatou um livro inédito do professor Marcos Loureiro, em que não se sabia se contava uma história, um sonho, um jogo de futebol, uma lenda, um diálogo, uma canção ou um verso “porque era cambiante e sempre inventado, de tema fantástico ou científico”, segundo refere Reimunde. Também tem colaborado na imprensa galega, em especial nos jornais El Progreso e La Voz de Galicia, recolhendo parte da sua produção neste âmbito no volume Com textículos (2010).

A leitura d‘O Bispo Santo, segundo assinala Maria Reimunde “mergulha-nos numa Galiza medieval, mítica e marinheira, numa prosa que respira pedra e erva molhada, traduzido ao galego português com precisão e alma por meu pai Ramom Reimunde, com uma linguagem limpa que brota como fonte”.

 

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Pesar pela morte de José Luís Fontenla Rodrigues, membro de honra da Academia Galega da Língua Portuguesa

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) recebe com enorme pesar e tristeza a comunicação da morte de José Luís Fontenla Rodrigues, Membro de Honra da nossa entidade e uma figura referencial do Movimento Lusófono da Galiza.


 AGLP 30/06/2025

Nascido o 9 de fevereiro de 1944, em Ponte Vedra, ele tinha 81 anos e o seu enterro realizou-se às 11:45 horas de hoje, 30 de junho, no cemitério de Santo Amaro da sua cidade natal. O óbito aconteceu em Oleiros, onde ele morava.

José Luís Fontenla (esquerda) com outros membros da AGLP


José Luís Fontenla Rodrigues era filho de Maria Rosa Rodrigues e José Luís Fontenla Mendes, que fora membro das Mocidades Galeguistas, do Partido Galeguista, do Seminário de Estudos Galegos, de Labor Galega de Ponte Vedra e da editora SEPT.
Fontenla Rodrigues notabilizou-se como ativista político e cultural, advogado, escritor, poeta, jornalista, tendo utilizado diversos pseudónimos como João Padrão, Luís Röiz, António Eirinha e outros.

Entre as suas múltiplas produções, merece especial destaque o ter sido representante das delegações galegas que participaram nas negociações dos Acordos Ortográficos da Língua Portuguesa celebradas no Rio de Janeiro (em maio de 1986, acompanhando com Adela Figueroa PanisseIsaac Alonso Estraviz -quem tinha a delegação de Ernesto Guerra da Cal-) e Lisboa (em outubro de 1990, juntamente com António Gil Hernández).

No âmbito da atividade profissional e cívica durante a ditadura franquista destaca em 1970 a sua implicação a favor da abolição da pena de morte, pela amnistia e os direitos humanos, a título pessoal e em iniciativas coletivas por meio da Ordem dos Advogados.
No terreno político cofundou o Conselho de Forças Políticas Galegas, em reunião realizada no seu escritório de advogado de Ponte Vedra em janeiro de 1976, mantendo relação direta e epistolar com as mais relevantes figuras políticas do âmbito espanhol. Fundou o Partido Galego Social-Democrata, sendo candidato ao Senado espanhol pelo Partido Socialista Galego em 1982. Foi representante da Galiza na Plataforma de Convergência Democrática durante a ditadura franquista, na clandestinidade. Colaborou com o Euskal Sozialista Bitxarrea - Partido Socialista Vasco e o grupo socialista “ex-Reagrupament” de Josep Pallach para criar uma Federação de Partidos Socialistas com o PSOE (H) histórico. Elaborou um projeto de Constituição para a Galiza fazer parte de um possível Estado Confederal Espanhol.
Como advogado, fez as gestões em Madrid para a legalização da Asamblea Nacional-Popular Galega (AN-PG) em março de 1978, antecedente do atual Bloque Nacionalista Galego (BNG).

José Luís Fontenla considerava-se membro da Geração da Lusofonia “que defende a Lingua Portuguesa em toda a parte e como língua nacional e oficial de Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc.” e defendeu e trabalhou para conseguir “uma política forte e decidida em prol da segunda língua românica do mundo, umas das mais formosas línguas do planeta, extensa e útil (Castelao) e opulenta e subtil (Pessoa) que falam 240 milhões de pessoas nos cinco continentes, segundo a UNESCO”, segundo ele escrevia em 2005. Também se tem considerado em alguma oportunidade Fontenla Rodrigues como continuador das ideias linguísticas e a conceção do patriotismo da Geração Nós.

José Luís Fontenla Rodrigues foi fundador da Associação Cultural O Galo, em Santiago de Compostela; presidente da Associação de Amigos da Cultura de Ponte Vedra; da Associação para a Defesa Ecológica da Galiza (Adega) e de Amnistia Internacional na Galiza. Foi também membro do Conselho de Redação do Boletim do Ilustre Colégio de Advogados de Ponte Vedra; relator no I Congresso do Direito Galego e Prémio de Ensaio nos Jogos Galaico-Minhotos de Guimarães. Também do Conselho Asessor da revista O Ensino. Entre outros muitos reconhecimentos, o dia 2 de setembro de 2018 recebeu em Chantada o prémio da Fundação Meendinho.

Autorretrato de José Luís Fontenla

José Luís Fontenla cedeu a sua biblioteca e mais a biblioteca do seu pai para a Academia Galega da Língua Portuguesa, e está disponível na Casa da Língua Comum, em Santiago de Compostela. Ele colaborou no Boletim número 10 da AGLP com o artigo “A Lusofonia e os Acordos Ortográficos”. Muitos outros trabalhos seus estão publicados em Nós, revista Galaicoportuguesa de Cultura, Cadernos do Povo e outras publicações das Irmandades da Fala de Galiza e Portugal, de que ele foi presidente.

Também publicou os livros Poemas de Paris e outros poemas; Itaca, tragédia num ato único europeu (teatro); Sememas; Poemas Lusófonos; Poemas para Cynara; Sem Título; Fragmentos sem nome ou Metamorfoses.

A Academia Galega da Língua Portuguesa envia as suas maiores condolências à família e amizades.

Nota de falecimento de José Luís Fontenla

 

Mais informações:

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Pesar pela morte de Evanildo Bechara, eminente gramático e filólogo brasileiro e correspondente da AGLP

Ele defendia que “do ponto de vista linguístico, o galego nunca se separou do português”. Assim o indicou em 2008 quando, como representante da Academia Brasileira de Letras, participou em Compostela no lançamento da Academia Galega da Língua Portuguesa

Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/dicionaristas-aguardam-decisao-que-acaba-de-ser-atualizada-pelo-filologo-evanildo-bechara-3572905


AGLP. 25/05/205

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) recebeu com enorme pesar e tristeza a comunicação da morte no Rio de Janeiro de Evanildo Bechara, aos 97 anos. Este eminente gramático e filólogo brasileiro é referente central e indiscutível no seu campo de estudo, com grande projeção internacional.

Evanildo Cavalcante Bechara, nascido em Recife em 26 de fevereiro de 1928, exerceu como Professor Titular e Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo mestre de várias gerações. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filologia, e membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Galega da Língua Portuguesa.

Foi também o representante brasileiro no Acordo Ortográfico que está a vigorar para a língua portuguesa. Ele defendia que “do ponto de vista linguístico, o Galego nunca se separou do português” e fazia e faz parte da língua comum. Assim o indicou em 2008 quando, como representante da Academia Brasileira de Letras, participou em Compostela no lançamento da Academia Galega da Língua Portuguesa.

Evanildo Bechara teve relação com a Galiza desde as décadas finais do século XX, e esteve em várias ocasiões em encontros com especialistas que defendiam a língua própria da Galiza como expressão da Língua Comum do Português. Entre essas atividades, Evanildo Bechara participou nas palestras que organizou o grupo promotor da Academia Galega da Língua Portuguesa na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela, junto do Professor Malaca Casteleiro da Academia das Ciências de Lisboa, em outubro do ano 2007.

Depois, de novo em Santiago de Compostela, representou a Academia Brasileira de Letras na Sessão Inaugural da AGLP, em 6 de outubro de 2008, como também no Seminário de Lexicologia realizado em 5 de outubro de 2009.

Destarte, o professor apoia, desde a primeira hora, o nascimento da nossa instituição, trazendo o apoio da centenária academia brasileira à mais jovem entre as da língua portuguesa”, segundo se salientava no “Editorial” do número 3 do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (BAGLP), editado em 2010 e dedicado na sua homenagem como grande intelectual, mas também homenagem à sua figura humana e como brasileiro universal.

Na sua intervenção pública o 6 de outubro de 2008 na cidade de Santiago de Compostela, no ato de lançamento da AGLP, Bechara afirmou:

...do ponto de vista linguístico, o Galego é uma vertente desta realidade da língua histórica que se chama língua comum, que é o grande guarda-chuva ideal, modalizado pela cultura, que abriga todas as variedades linguísticas de todos os quadrantes geográficos em que essa realidade maior que se chama língua portuguesa é falada e escrita. De modo que do ponto de vista linguístico, o galego nunca se separou do português como uma entidade que pertence a essa realidade histórica que caracteriza uma língua de civilização e de cultura como é o português”.

Esta intervenção sua está recolhida também no número 2 do BAGLP. Naquela altura, Evanildo Bechara referiu-se à AGLP como uma porta aberta para a integração na Língua Comum, segundo recolheu a comunicação social.

Da sua ampla produção científica merece destaque a Moderna Gramática Portuguesa, cuja primeira edição data de 1961, com 37 edições até finais do século XX e que continuou a ser publicada no XXI com novas edições por ele revistas e ampliadas.

Também são da sua autoria outros títulos como Gramática Escolar da Língua Portuguesa (2001), Lições de Português pela Análise Sintática (2004), Gramática Fácil, Minidicionário da Língua Portuguesa, O que muda com o novo Acordo Ortográfico ou A Nova Ortografia.

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A Associação Saúde e Terra reclama diálogo institucional com a AGLP para melhorar a situação da língua da Galiza

Propõe chegar a acordos “no caminho de alargar as liberdades linguísticas e normativas para a sociedade galega”

AGLP. 05.05.2025. Texto: J. Rodrigues Gomes; Coordenação Linguística: Antia Cortiças Leira; Produção: Xico Paradelo.


A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) quer agradecer a Saúde e Terra, que se apresenta como “a associação das pessoas que querem melhorar Galiza”, a sua proposta de que se dialogue com a nossa instituição para mudar a situação da língua autóctone da Galiza e conseguir uma situação mais favorável para a mesma. Assim o faz numa das suas últimas declarações públicas, difundida em abril, onde insiste na necessidade de diálogo do conjunto do galeguismo cultural e linguístico do país, com um apelo especial ao respeito para a Real Academia Galega, com ensejo do relevo na sua Presidência.

Entendemos que esse diálogo deveria acabar nuns acordos que vaiam no caminho de alargar as liberdades linguísticas e normativas para a sociedade galega, com o fim de lograrmos uma sociedade mais democrática e inclusiva num tema tão sensível a nível pessoal e identitário como é o da língua galega”, afirmam. Põem em destaque a “terrível crise que está a sofrer a nossa língua nacional a nível de uso e prestígio na sociedade galega”, como assim o evidenciam estudos oficiais que promoveram as Administrações Estatal e Autonómica da Galiza. Saúde e Terra assinala que só a união faz a força, e advoga por cumplicidades e apoios mútuos. “Que não se estrague mais uma vez a oportunidade de encontrarmo-nos num caminho comum na defesa do nosso tesouro mais prezado”, conclui.

A doutrina de Castelao

Num trabalho anterior (uma linha com que a AGLP também concorda plenamente), esta associação galega, com ensejo da declaração de 2025 como Ano Castelao por parte do Governo autonómico da Galiza, para honrar a memória do político, intelectual e artista Afonso Daniel Rodríguez Castelao, tinha manifestado (https://saudeeterra.gal/a-xunta-e-o-ano-dedicado-a-castelao/) que “Neste ano Castelao, desde Saúde e Terra também esperamos que não se oculte o Castelao que insistentemente, uma e outra vez, defendia a unidade linguística do galego e o português, desejando, segundo as suas próprias palavras, que se confundissem um com o outro [...] esperamos desde Saúde e Terra que se trabalhe noutra das grandes metas que Castelao queria para a Galiza, uma relação fluída e constante com o resto dos países da Lusofonia. Por isso esperamos que se intensifiquem muito mais as incipientes ligações do governo galego e da sociedade galega com o mundo lusófono tanto a nível cultural como economicamente, algo que mesmo pessoas integradas no nacionalismo galego ou no sistema cultural, nomeadamente o literário, parecem não ter muito claro”.

Saúde e Terra tem-se manifestado na sua página web oficial, a respeito de outros assuntos da atualidade linguística, cultural, económica, ambiental e política da Galiza, com perspetiva nacionalista.

 

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O Parlamento Galego aprova dar um maior reconhecimento a Isaac Alonso Estraviz, promotor da AGLP

O ilustre lexicógrafo e lexicólogo publica um livro de contos, com o apoio da “Xunta de Galicia

 

AGLP. 02.05.2025. Texto: J. Rodrigues Gomes; Coordenação Linguística: Antia Cortiças Leira; Produção: Xico Paradelo.


 

 


O Pleno do Parlamento de Galiza aprovou instar ao Governo Autonómico para “continuar impulsando os vínculos” com a comunidade lusófona através do reconhecimento ao trabalho de pessoas como Isaac Alonso Estraviz. Foi esta uma das resoluções do debate anual sobre política geral aprovadas no Pleno da Câmara Legislativa celebrado o dia 23 de abril, que a instituição difunde na Rede, nesta ligação.

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) parabeniza o Parlamento por este acordo, que destaca a personalidade de Alonso Estraviz, um dos promotores da nossa instituição, e também o primeiro vice-presidente, membro da Comissão de Lexicologia e Lexicografia, e do Conselho de Redação, de Administração e Científico do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (BAGLP). Estraviz é também um dos máximos referentes do movimento reintegracionista, que busca a confluência da língua autóctone da Galiza com a dos povos da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP) e autor do célebre e emblemático Dicionário Estraviz (disponível para acesso geral em www.estraviz.org): a edição eletrónica deste repositório começou em 2005, no Portal Galego da Língua e completou 20 anos de serviço na Internet para a Galiza e para toda a comunidade lusófona em janeiro deste ano 2025 (ver nesta ligação). A proposta de resolução no Parlamento de Galiza foi apresentada e defendida por Armando Ojea, deputado de Democracia Ourensana, pertencente ao Grupo Mixto. O texto definitivo foi o resultado de uma transação com o maioritário Grupo Popular. Foi aprovado por 66 votos a favor, nenhum em contra e 9 abstenções.

Uma obra monumental

Uma obra monumental como o Dicionário Estraviz, que ultrapassa os 155.000 verbetes e continua a ser acrescentado e atualizado, justificaria esse reconhecimento institucional. Porém, a produção de Estraviz em prol da língua e a cultura galegas começou em 1959 e continua com novas produções na atualidade, quando já entrou na casa dos 90 anos de idade. Ele exerceu, profissionalmente, de professor no ensino não universitário, e depois na Universidade de Vigo, tendo-se doutorado na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela.

O Dicionário Estraviz tem como precedentes outros dicionários galegos, também da sua autoria, impressos e publicados em 1983 (na editora Nos, da Corunha), 1986 (na Alhena, de Madrid) e 1996 (sob a chancela da Sotelo Blanco, de Santiago de Compostela).

Além disso, em 1987 publicou Estudos filológicos galego-portugueses; no ano 2000, Os intelectuais galegos e Teixeira de Pascoaes: epistolário, junto com Eloísa Álvarez, docente da Universidade de Coimbra; no 2011, Santos Júnior e os Intelectuais Galegos. Epistolário; no 2014, Os falares dos concelhos de Trasmiras e Qualedro, que tinha sido a sua pesquisa de doutoramento; além de participar em numerosas colaborações em revistas científicas e literárias editadas na Galiza, Portugal e Espanha; e um volume literário publicado em 1973 numa célebre coleção da editora Castrelos, de Vigo. Este volume de contos foi agora reeditado, e acaba de sair do prelo, sob a chancela da Visualq, com o título Contos com reviravolta. São um conjunto de 15 pequenas histórias (“Das Lagoas a Ourense”, “O arado vai fendendo a terra”, “O ferreiro sabido”, “Um novo amencer”, “O marquês sem cuidados”, “A coelha Maripepa”, “Manolinho, o das gravatas”, “Não tínhamos saída”, “Aquelas covas”, “ ‘Ai, os curas, mãe que os pariu!’”, “Viagem a Chaves”, “Quem dera!!!”, “Salmo Ascensional Galego. Santiago de Compostela, Coração da Alma Galega”, “O senhor Lupário” e “Como nasceu a música”). O livro acompanha-se  com ilustrações na capa e páginas interiores de Jocabed Fernández González e um texto introdutório de José Luís Fernández Carnicero. Conta com o apoio da “Xunta de Galicia”, através da “Secretaría Xeral da Lingua”. Estraviz acrescentou alguns relatos novos aos incluídos na edição de há 52 anos.

Em 1986, Isaac Alonso Estraviz foi representante da Galiza nas reuniões para um Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, celebrado no Rio de Janeiro. Entre os diversos reconhecimentos que tem recebido, merece salientar-se também o ter sido designado membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.

No ano 2013 a editora Através publicou o livro Conversas com Isaac Alonso Estraviz, da autoria do professor Bernardo Penabade, em que se esclarecem os principais aspetos da sua biografia e trajetória.

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Uma nova edição de Ostrácia, de Teresa Moure, numerária da AGLP, reivindica “um estilo galego na Lusofonia”

Para mim Ostrácia é carne viva”, afirmou a académica no lançamento desta versão revisada e “mais galega”. Afirma que neste romance, como noutros trabalhos seus, tenta “recuperar figuras femininas da história que têm sido apagadas das versões oficiais”

AGLP 15/03/2025

Texto: J. Rodrigues Gomes. Coordenação Linguística: Antia Cortiças. Produção: Xico Paradelo.


Teresa Moure, numerária da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), reivindicou que “temos direito a ter um estilo galego na Lusofonia”, no lançamento de uma nova edição do seu romance Ostrácia, em Santiago de Compostela. É mesmo uma nova edição, não uma reimpressão mais: apesar de que a capa é a mesa, acrescentando só o número da nova edição galega, sob a chancela da Através; e a contracapa e a badana da capa também continuam o mesmo (sim mudam, evidentemente, as novas publicações da editora anunciadas na badana da contracapa, atualizando a informação das mesmas). Agora oferece uma nova versão, “mais galega”, após ter revisado o texto Olívia Pena Arijón, professora e doutora em galego-português especializada em estilística e crítica literária, quem partilhou com Moure o ato deste novo lançamento, o 27 de fevereiro, no salão da Casa do Taberneiro de Compostela. Assim, agora Ostrácia é “mais galega do que antes”, sublinhou Olívia Pena, quem disse que sentia como este novo texto é assim em parte também seu. “Uma escritora precisa sempre uma corretora”, frisou Moure, quem se manifestou satisfeita das mudanças, que as duas comentaram e acordaram antes da nova impressão.

O lançamento desta nova edição foi um aliciante diálogo entre Teresa Moure e Olívia Pena. Acontece dez anos depois da primeira edição. E Moure lembrou como, também dez anos antes, tinha publicado outro romance histórico, Herba Moura, que foi acolhido pelo mercado com “um inexplicável sucesso, à custa, em boa medida, de perverter as intenções da autora”. Teresa Moure esclarece que, entre os objetivos desta narrativa, como de outros trabalhos seus, está recuperar figuras femininas da história que têm sido excluídas das versões oficiais.

Interesse da crítica

Enriquece-se assim a história e a trajetória de Ostrácia, um produto literário especial para a sua autora. Ostrácia foi traduzida para espanhol (na editora Tiempo de papel, em 2021); e Moure valeu-se do seu primeiro capítulo “Sobre nós, as aranhas”, para a sua apresentação nas Correntes da Escrita da Póvoa de Varzim em 2019. A crítica galega, e a não galega, evidenciou interesse nesta narrativa; mesmo a lusófona, como se pode ver na recensão que a professora de literatura e crítica brasileira Maria Fernanda Garbero, docente e investigadora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, publicou no número 8 do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (pp. 171-176)1, onde põe em diálogo Ostrácia com outras duas obras de Moure: Eu violei o lobo feroz (Através, 2013) e Uma mãe tão punk (Chiado, Lisboa, 2014).

Ostrácia, na edição galega –na espanhola há divergência, por causa da diferença de referentes a respeito da trajetória de Moure, segundo ela própria esclareceu— consta de uma “Nota” inicial, de apenas umas linhas, mas de relevo e interesse para quem decida refastelar-se na sua leitura; a história, em que são centrais as relações entre as personagens de Vladimir I. Lenine e a revolucionária Inessa Armand, consta de quatro partes: “A persuasão”, “A hegemonia”, “A revolução” e “Um mundo novo”. Na continuação inclui um “Posfácio”, de 4 páginas, datado em “Compostela, 2015, primavera a arder”, em que refere dados de relevo do processo de produção do texto, narrado por uma filha de Inessa Armand; e finaliza dando conta de “Referências básicas”, oito publicações editadas entre 1992 e 2015 (esta última data é também a da primeira edição galega de Ostrácia), em que se alicerçou para escrever este livro.

Dum lado a História; doutro a intimidade. Dum lado, as palavras de ordem das ideologias políticas revolucionárias. Doutro, o orgasmo múltiplo e os fetiches do Domínio e a Submissão. Dum lado, as figuras de Lenine, Alexandra Kollontai, Nádia Krupskaia e, sobretudo, Inessa Armand. Doutro, a experiência de escrever sendo mulher e, portanto, interpretando como autora de textos vagamente feministas, reivindicativos mas também florais e românticos. Quando a escritora acha um fio narrativo singular –a vida da revolucionária bolchevique Inessa Armand–, experimenta certas contradições” assinala-se, à partida, na contracapa de Ostrácia, para dar conta ao leitor. Esse espaço, tão de relevo, finaliza pondo em destaque como “Se a militância fosse entrega e as ideologias tiverem que mudar o mundo, então Inessa Armand e a escritora devem entrelaçar-se para contar o nunca contado: que Política e Erótica vão da mão, que tudo na Política, como na cama, se reduz a bailar com o Desejo. Para a política não ser politiquinha e o Desejo não se conformar com desejinhos. Para fazermos habitável a Ostrácia”. Uma Ostrácia que ela define como “esse território para a liberdade e para a dissidência”

Teresa Moure ingressou na AGLP tempo depois de publicar Ostrácia. O seu discurso, “Identidades aracnídeas e verdades incómodas”2, evoca esta narrativa: nele defende como a mentira é um talento ao dispor de todas as pessoas, mas como o “cerne da minha identidade” é que “não posso conformar-me com a mentira”, apesar de que “quem escreve, mente” e “a narração é mentira elevada à condição de arte”, entre outras afirmações que também são de ajuda para entender esta exitosa Ostrácia.


1 Este boletim, como os restantes publicados pela AGLP, está disponível, de acesso livre e de graça, neste mesmo sítio web.

2 O discurso está publicado no número 10 do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa, nas pp. 243-259; e na continuação, nas pp. 261-264, a resposta que teve do académico Mário Herrero Valeiro. Este boletim, como os restantes publicados pela AGLP, está disponível, de acesso livre e de graça, neste mesmo sítio web.

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António Gil Hernández, presidente da AGLP, falou dos seus estudos sobre Biqueira na Universidade da Corunha

Salientou o Biqueira político, para além dos seus contributos literários, à Filosofia e à Psicologia, e a sua proposta de convergência ortográfica galego-portuguesa. A estes assuntos António Gil tem dedicado mais de três décadas de estudo.

 

AGLP 05/03/2025

Texto: J. Rodrigues Gomes; Produção: Xico Paradelo.


João Vicente Biqueira1 (Madrid, 22/10/1886- Lagoa-Bergondo, 29/08/1924) “sobretudo era um bom galego. Os problemas políticos e sociais da nossa Terra encontraram uma calorosa ressonância no seu peito generoso e ao lado dos nacionalistas galegos” afirma-se no livro Johán Vicente Viqueira. João Vicente Biqueira (1924-2024). Poemas e Ensaios, publicado na Através Editora em 2024, em edição que promoveu a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) e sob a responsabilidade de António Gil Hernández, agora presidente desta instituição. Os elementos dessa citação estiveram no centro da sua intervenção na Faculdade de Filologia da Universidade da Corunha o 25 de fevereiro, onde proferiu uma palestra sobre Biqueira e a Galiza federada. A sua presença deveu-se a um convite dos Professores Isaac Lourido e Roberto Samartim, e ao grupo de investigação ILLA, o que lhe ofereceu ocasião de conversar com estudantes das Filologias sobre a trajetória de Biqueira, com ensejo do centenário da morte deste vulto da Galiza.

Foto dos assistentes à palestra de 25 de fevereiro deste ano 2025 na Facultade de Filoloxía da UDC. Junto do professor Gil está o Prof. Isaac Lourido.

António Gil Hernández investiga sobre este intelectual galeguista há mais de três décadas. Em 30 de junho de 1994 participou num ato literário sobre Biqueira na Casa de Cultura do Concelho de Bergondo, sob presidência do seu filho, o Eng. Jacinto Viqueira Landa e esposa; foi uma atividade em que se honrou a memória de Biqueira no septuagésimo aniversário da sua morte. Já antes se tinha interessado Gil por este vulto, e continuou com novos contributos nos anos seguintes. Para além do pensamento político, assunto em que centrou esta palestra na Universidade da Corunha, também trabalhou sobre os contributos de Biqueira à Literatura Galega, onde destaca, entre outros assuntos, por ser um adiantado do movimento do Neo-trovadorismo, anos antes de Bouza Brei, quem está considerado hoje o seu iniciador; no Campo da Psicologia tem destaque por ser introdutor da Psicologia Experimental na Península Ibérica, após ter tido relação direta com W. Wundt; salientam igualmente os seus estudos sobre o bilinguismo e a psicologia da educação; e conta também com uma importante obra filosófica. Biqueira também foi um dos primeiros defensores da convergência ortográfica galego-portuguesa. E todos eles são assuntos do maior relevo e de atualidade, assinala Gil Hernández.

A respeito desta recente intervenção na Faculdade de Filologia corunhesa, manifesta António Gil: “Entendi que a palestra deveria ser levada como conversa com as pessoas assistentes mais do que como conferência quase protocolária. Nem o tempo programado, entre as 13.00 e as 14.00 horas, nem o previsível interesse do público aconselhavam o contrário. Comecei dando uma leve notícia sobre a pessoa e obra de Biqueira, que foi Catedrático do Instituto de Secundária Eusébio Da Guarda, presidente das Irmandades da Fala na Crunha e mais participante da Assembleia Nacionalista de Lugo. Continuei com a leitura do artigo ‘O dia de mañán’, publicado postumamente, em 6 de decembro de 1924, no semanário socialista Justicia Social, órgão da USC (Unió Socialista de Catalunya)”. Esclarece António Gil como neste artigo Biqueira se declara republicano e federalista, e ressalta o seguinte excerto:

No crítico momento presente conviria que os elementos que somos partidarios de un novo federalismo, en que nos achamos arredados os uns dos outros, entrásemos en comunicación. Para elo o centro poderia ser o valioso nucleo que integra Justicia Social. Nesta comunicación concretaríanse as concepciós que o dia de mañan serian un feito. [...] Que estas liñas de verdadeira simpatia pol-os meus amigos cátalas, poidan espertar o interés, en toda España, por unha meditación sobre dun futuro estado republicano federal socialista ou social, meditación que si é fonda e sinceira, trocarase o día de mañán en realidades”.

Após diversos comentários a esse e outros textos biqueiranos, citou também o seguinte trecho da conferência "Divagações enxebristas":

A Humanidade, para cumprir todas as promessas que leva no seu seio ou, ainda melhor, para criar tudo o que leva em potência (pois, antes de ser, onde jaz?), desfaz-se em Nações. Já a vida precisa, para ser, do princípio de individuação, a saber, de ser como indivíduo ou concreções de indivíduos. Idêntico princípio é o da evolução humana que também é cósmica, quer dizer, uma parte do processo universal. Como vedes, o meu Nacionalismo tem uma base cósmica e metafísica. A Humanidade desfaz-se em Nações, porque precisa órgãos. As Nações, pois, são órgãos da Humanidade. Elas fazem tudo o que é factível em cada tempo. Não num momento de tempo, mas no se sucederem os tempos. E aqui, também, cada uma tem a sua missão; e quando a sua missão acaba, morre! Mas a missão da Galiza chega e por isso ressurge”.

Esta citação é da Obra seleta de Johán Vicente Viqueira (página 72), que António Gil Hernández publicou no ano 2011 na coleção Clássicos da Galiza [nas Edições da Galiza, de Barcelona], promovida pela AGLP. Também é autor de um longo artigo “Johán Vicente Viqueira e a Comunidade Lusófona da Galiza”, nos boletins números 10 e 11 da AGLP, correspondentes aos anos 2017 e 2018 [estes boletins estão disponíveis, de acesso livre e de graça, neste sítio web da AGLP].

Esta intervenção na Universidade da Corunha finalizou com um breve colóquio sobre Biqueira pensador e político, e também sobre o seu poetar. “Muito agradeço aos professores Lourido e Samartim, ao grupo ILLA e à Faculdade as facilidades para realizar o ato-conferência sobre Biqueira”, sublinhou o presidente da AGLP.


1 Gil Hernández tem utilizado indistintamente Viqueira e Biqueira: Viqueira por ser “a denominação por ele usada”, e para “respeitar o desejo expresso da família”; mas Biqueira, por considerar que dever ser assim mais corretamente grafado este apelido “com B inicial, por ser derivado de bico”, segundo esclarece em Obra seleta de Johán Vicente Viqueira (Gil Hernández, 2011, página 13).

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Edição galega da Estilística de Rodrigues Lapa, o português que estudava escritores da Galiza como modelos de língua, com o apoio da AGLP

 

Paulo Mirás, numerário da AGLP, é o diretor editorial da publicação, que sai do prelo da Através com um “Prólogo” do professor José Luís Rodríguez

 

AGLP 01/03/2025

Texto: J. Rodrigues Gomes; Produção: Xico Paradelo.


A Estilística da Língua Portuguesa, do filólogo, ensaísta e professor português Manuel Rodrigues Lapa (Anadia, 1897-1989) “mantém características únicas que a tornam especial e insubstituível. A sua abordagem à língua e ao estilo continua a ser um marco, oferecendo detalhes valiosos que não se encontram noutros trabalhos. Esta reedição é uma homenagem ao seu legado e uma oportunidade para as novas gerações descobrirem uma obra que moldou o estudo da língua portuguesa”, afirma o professor Paulo Mirás, numerário da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) e diretor editorial da primeira edição galega desta obra clássica. A publicação sai agora do prelo da editora Através, de Santiago de Compostela, coincidindo com o 80 º aniversário da primeira edição na Seara Nova de Lisboa no ano 1945. Esta é uma edição que promove a AGLP.

Em vida de Rodrigues Lapa contou com até onze edições, em Portugal e no Brasil. Esta nova edição galega acompanha-se de um prólogo de José Luís Rodríguez, professor catedrático da Universidade de Santiago de Compostela, quem o conheceu e colaborou estreitamente com ele. Rodríguez põe em destaque os trabalhos de Rodrigues Lapa sobre a Galiza e lembra como, já desde 1933, aborda a política do idioma, em que “vê três modalidades: a galega, a lusitana e a brasileira, às quais muito mais tarde haverá de acrescentar pelo menos a africana ou africanas, após a independência das antigas colónias. E propõe avançar na unificação ortográfica, sempre que possível, tanto com o Brasil como com a Galiza”.

O livro editado pela Através tem 230 páginas, incluído um “Índice analítico” de autores, matérias e palavras. Para além do antes citado “Prólogo”, o volume consta de 15 capítulos: quatro deles dedicados ao vocabulário português, e outros sobre a fraseologia, a formação das palavras, o artigo e os pronomes, o adjectivo e os nomes, os pronomes, dois capítulos sobre o verbo, um específico sobre a concordância, e os três últimos sobre palavras invariáveis. 

Os dois primeiros lançamentos do livro estão agendados para o 7 de março, no Porto, na UNICEPE, cooperativa livreira de estudantes do Porto [na Praça de Carlos Alberto 128 A] às 18.00 horas, com a intervenção de Joana Matos Gomes, da Universidade do Porto, e Paulo Mirás; e o 4 de abril na livraria Centéssima Página, de Braga, pelas 18.30 horas, com a presença de Álvaro Iriarte Sanromán, professor da Universidade do Minho,  com José Luís Rodríguez e Paulo Mirás.

 

Literatura galega em diálogo com as literaturas lusófonas

Na Estilística da Língua Portuguesa, para além de estudar o estilo de grandes nomes das literaturas lusófonas (Eça de Queirós, Machado de Assis, Camões, Guimarães Rosa, Camilo Castelo Branco, Mário de Andrade, Monteiro Lobato e mais), Rodrigues Lapa também se ocupa do estilo de escritores da Galiza, como Castelao, Carvalho Calero, Novoneyra, Otero Pedrayo, Cabanillas, Blanco Amor, Fole ou Xavier Alcalá.

Como exemplificação do tratamento de autores da Galiza, no segundo dos capítulos que dedica ao vocabulário, ao falar do eufemismo, após citar o caso do conselheiro Acácio, famoso personagem de Eça de Queirós, acrescenta Rodrigues Lapa (p. 33): “Até os ladrões entre si usam o eufemismo, como aquele ratoneiro duma novela de Castelao, que suavizou o termo roubar em apanhar”, acrescentando um trecho de Os dous de sempre.

Devemos valorizar o interesse e o esforço de Rodrigues Lapa como um trabalho visionário que construía pontes além das nossas fronteiras, tanto dentro como fora da Europa. A sua obra serve para nos abrir os olhos e mostrar que não estamos sós no mundo: partilhamos uma língua comum que deve ser dignificada e celebrada. Para Lapa, os nossos escritores fazem parte de um universo linguístico e cultural mais amplo, onde o galego e o português se complementam e enriquecem mutuamente”, afirma Paulo Mirás.

Ele via a língua como um instrumento vivo, cheio de recursos e estilo, capaz de crescer e evoluir com os seus utilizadores. A sua defesa da ortografia portuguesa como algo tão nosso quanto deles deixa claro o seu ponto de vista: a língua é um património partilhado, que transcende fronteiras e se fortalece na sua diversidade. Rodrigues Lapa não só nos ensinou a valorizar a nossa língua, mas também a vê-la como um elo de união e identidade no mundo lusófono”, acrescenta o diretor editorial do volume.

 

Um referente incontornável”

Paulo Mirás frisa que, para a Galiza atual “Rodrigues Lapa continua a ser um referente incontornável sobre como escrever bem na nossa língua. O professor português sempre considerou os autores galegos como exemplares para Portugal e o Brasil, vendo o galego como uma extensão natural da língua portuguesa. A Galiza ocupava um lugar especial no seu coração, algo que fica evidente nas suas inúmeras viagens à nossa terra e na sua dedicação ao estudo e promoção da cultura galega. Esta relação profunda com a Galiza materializou-se em obras como os Estudos Galego-Portugueses. Rodrigues Lapa não só valorizou a nossa língua, mas também a integrou num contexto mais amplo, reforçando a sua importância como património partilhado e vivo”.

Página da obra no site da Através editora.

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O número 15º do Boletim anual da AGLP inclui 22 trabalhos e uma mensagem de otimismo

Paulo Fernandes Mirás assume a partir do próximo número a direção da publicação, na qual esteve à frente desde os inícios António Gil Hernández.


 

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Mais de 250 páginas e 22 trabalhos integram o número 15º do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (BAGLP), de periodicidade anual. Saída recentemente do prelo, a publicação está acessível já, na sua versão digital, no sítio web da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), https://www.academiagalega.gal/ e também disponível em edição impressa.

O volume principia com um “Editorial e despedida” (pp. 7-8), que assina o professor António Gil Hernández, atual presidente da AGLP e diretor do BAGLP desde os inícios, em 2008. Neste tempo dirigiu os 15 números anuais, mais cinco anexos. «Podemos estar satisfeitos e sermos otimistas, porque o BAGLP foi capaz de acompanhar as atividades da Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa e mesmo a vida académico-universitária das pessoas membros de número, das pessoas académicas correspondentes e das pessoas amigas intelectuais e ativistas, tanto da Galiza e doutras nações do Estado-Reino bourbónico de España, quanto da LUSOFONIA toda», afirma. O também professor Paulo Fernandes Mirás exercerá como o novo diretor, já desde o próximo volume.

 

Estudos de especialistas da Galiza, do Brasil e do País Valenciano

Na continuação, a parte principal da publicação, oferece seis estudos, que se prolongam entre as páginas 11 e 150. Estão assinados os quatro primeiros por José-Martinho Montero Santalha, José-Manuel Barbosa, Joel R. Gômez e Alexandre Banhos Campo, especialistas da Galiza; e os outros por Evandro Vieira Ouriques, do Brasil; e por Josep J. Conill, do País Valenciano.

No primeiro deles, “A contagem silábica dos versos na Galiza” (pp. 11-36), José-Martinho Montero Santalha ocupa-se dos dois sistemas que os estudos literários nas línguas românicas empregam para a contagem das sílabas dos versos, o oxitónico e o paroxitónico. Defende «a conveniência de que também na Galiza, como território de língua portuguesa que é, se adote o sistema habitual na área lusófona, isto é, o oxitónico, que conta só até a última sílaba tónica do verso». Defende a sua argumentação utilizando produções líricas de Firmino Bouça Brei, Manuel-Luís Acunha, Salvador Golpe, Rosalia de Castro, Álvaro Cunqueiro, Curros Henríquez, as Cantigas de Santa Maria de Afonso X, a poesia popular, o padre Sarmiento, e de Amado Carvalho, Martim Padrozelos, Eduardo Pondal, Martinho Torrado, Leiras Pulpeiro, Ramom Cabanilhas, Aquilino Iglésia Alvarinho, Francisco Anhom, Nicomedes-Pastor Díaz, Noriega Varela, e Labarta Posse.

José-Manuel Barbosa, em “Alguns apontamentos sobre Prisciliano” (pp. 37-60) traslada-nos aos tempos em que a Galiza era a Galécia extensa e priscilianista. Apresenta algumas questões duvidosas e esforça-se por propor soluções a respeito da origem de Prisciliano, bem como faz um pequeno roteiro espaço-temporal ao redor da elaboração do mito da presença e enterramento de Santiago o Maior na Galiza. São assuntos recorrentes no tratamento de diversos especialistas e de continua atualidade na Galiza, os quais tenta iluminar com este estudo.

Joel R. Gômez, em “Funções e percursos das sete décadas de produções poéticas de Ernesto Da Cal” (pp. 61-83) alicerça-se nos aproximadamente 150 produtos de poesia publicados por Ernesto Guerra da Cal, que referencia, nos seus quase 83 anos de vida, incluídas produções póstumas e inéditas. Da Cal utilizou 3 línguas e 9 assinaturas diferentes e difundiu essas produções em 12 países, na procura de diferentes funções e percursos. Essa dispersão dificulta o seu conhecimento e estudo, que este trabalho pretende esclarecer, para facilitar a sua edição crítica.

Alexandre Banhos Campo, em “Porque Portugal não se chama Galiza?” (pp. 85-94) lembra como Portugal não foi reconhecido como reino pelo papado até 1179. Com antecedência foram acontecimentos de relevância como a batalha de São Mamede, que teve lugar em 1128, coincidindo com a altura na qual o rei da Galiza Afonso VII estava no processo de gerir a incorporação na sua pessoa das coroas de Leão e Castela; ou o tratado de Samora de 1143, pelo qual o rei Afonso VII da Galiza, que queria ser chamado e tratado de imperador, assinou o tratado com o seu primo Afonso Henriques, onde lhe concedia de facto a independência do reino da Galiza, a Portugal, sempre que como rei aceitasse a sua preeminência como imperador.

Evandro Vieira Ouriques, em “A Doutrina do Mel, a condição comunicacional e a verdade. Sobre a requalificação clínica da capacidade de julgar” (pp. 95-115) traz à nossa consideração a «íntima relação de alguns dos princípios fundamentais da filosofia indiana», que, como investigador, vem «desenvolvendo ao longo dos anos sob a denominação de Terceira Estrutura da Verdade». O artigo sustenta a emancipação psicopolítica de psiquismos e de redes de psiquismos, as instituições e justifica a denominação da «doutrina do mel».

E Josep J. Conill, em “Lasciate ogni speranza: da ‘normalización’ à língua nua” (pp. 117-146) reflete sobre «a situação terminal a que o catalão dos valencianos tem chegado após o fracasso da ilusão normalizadora imperante desde a Transición». É reflexão que, em valorização de António Gil Hernández, «cumpre ler também em chave galega, galaico-española e galego-portuguesa». Conill relata «um panorama cheio de incertezas [da língua autóctone do País Valenciano], que pode desembocar na sua liquidação definitiva nos fins deste século». Fronte a esta eventualidade, aponta para «a necessária articulação de uma consciência sociolinguística da condição terminal, capaz de se responsabilizar com lucidez da gravidade da situação e emanada da vivência liminar da língua nua, enquanto experiência da exclusão quotidiana dos falantes do catalão no País Valenciano».

 

Discursos das tomadas de posse de três académicas e um académico

Na parte de “Instituição” (pp. 149-218) a maioria do espaço deste número 15 º do BAGLP é para os discursos das tomadas de posse de três académicas, Adela Clorinda Figueroa Panisse, Maria Castelo Lestom e Joana Magalhães; além do académico Pedro Casteleiro. A eles deu o recebimento em nome da AGLP José-Martinho Montero Santalha.

O discurso de Adela Figueroa, subordinado ao título “Uma língua, uma cultura, uma civilização: Galiza na lusofonia” (pp. 163-178) salientou o interesse de se ter aprovado por unanimidade no Parlamento da Galiza a denominada Lei Paz Andrade, para aproveitar os vínculos da Galiza com a Lusofonia. Afirma que «Eu sei que, na atualidade a maioria dos vultos que se exprimem em língua galega, quer escritoras quer políticas, consideram que a opção reintegracionista, a opção internacional para a nossa língua, é a acertada. Na sua maioria estas pessoas não escrevem na norma do galego comum para os países de fala lusófona ou de galego moderno, por diversas razões, mas não por beligerância contra esta norma. Nalguns casos é por ignorância, outros por comodidade outras vezes por insegurança. Mas sempre por temor». Adela Figueroa, quem representou à Galiza em 1986 (juntamente com Isaac Alonso Estraviz e José Luís Fontenla) no encontro internacional celebrado no Rio de Janeiro para procurar um Acordo Ortográfico para os países de língua portuguesa, alicerça-se em contributos de personalidades tão diversas como Bernabé João, Fausto, Zeca Afonso, Sandra Manuel, André Pena Granha, Angel Carracedo, Bryan Sykes, Rodrigues Lapa, Arnaldo Trindade, Beto Souza Pinto, Marica Campo, Benito Eládio Rodríguez Fernández, Vendana Shiva; bem como contributos dela própria, um de poesia erótica e outro respeitante a Rosalia de Castro, para defender no final que «Na Galiza temos um rico corpus cultural. Rosalia de Castro é emblemática. Ela é a primeira feminista, a primeira nacionalista galega a primeira ecologista».

Maria Castelo Lestom referiu-se a “Tecedoras de redes: A mulher e a língua no mundo pós-petróleo” (pp. 179-183). Neste contributo salientou que «Como militante, ativista e divulgadora tanto do teto do petróleo quanto da importância da nossa língua se imbricar no sistema linguístico que lhe corresponde pretendo é manifestar a importância do conceito de rede social, não entendida esta no sentido atual de rede com base informática, mas como conexão de comunidades e sociedades, de pessoas».

Joana Magalhães, na sua “Palestra” (pp. 185-190) ressaltou como «Se não estou em erro, esta tomada de posse coincide com a primeira vez que se realiza de forma coletiva, mostrando uma diversidade de vozes, pensares e saberes, representando outros valores fundamentais para a convivência de múltiplas identidades, e que tão bem carateriza a língua portuguesa». Também chamou a atenção «para o potencial da ciência cidadã para a resolução de desafios transfronteiriços, como podem ser aqueles que afetam zonas florestais, sistemas hídricos, espécies protegidas, ou mesmo, e porque não, de integração linguística». Joana Magalhães salientou assim mesmo na intervenção como a sua «experiência-vivência colectiva na Galiza, o meu pensamento, investigação, prática e ação têm sido permeáveis a valores de inclusão e diversidade, interdisciplinaridade, e também a processos de descolonização e desconstrução do que é ser cientista, do processo de geração de conhecimento, da objetividade da ciência. E posso afirmar com segurança, fazem de mim, uma cientista mais aberta, mais consciente do que a rodeia e espero, espero poder retribuir com o meu trabalho e a minha voz».

Pedro Casteleiro intitulou o seu depoimento “Justiça, verdade e beleza” (pp. 191-194). Afirmou que «Fazendo balanço dos anos, das décadas vividas, não posso recordar um momento em que, independentemente das circunstâncias, o que realmente me fizesse feliz deixasse de girar em torno disso que podemos chamar Justiça, Verdade e Beleza. Quando digo ‘me fizesse feliz’ digo me nutrisse, a um nível muito essencial, tão essencial como o pão quotidiano». [...]«A minha vida gira em torno a uma paixão, a uma necessidade de nutrição, que se plasma na procura de Justiça, Verdade, Beleza e que, por isso, é que eu devo de estar fadado a, com mais ou menos títulos, ser o que sou: jurista, um filósofo –pragmático– e um filólogo de coração –um amante apaixonado do fenómeno linguístico e, especialmente, daquilo que concerne à nossa língua». Casteleiro reprovou «a vacuidade que ocupa um lugar predominante nas redes sociais contemporâneas» e finalizou com estas palavras: «Continuarei, prometo, exercendo a tríplice função, de jurista por título, de filólogo por amor e por necessidade a de filósofo prático. E, prometo, como o bom ladrão, deixarei neste trabalho um rasto de silêncio, prenhado de esmeraldas».

No discurso de resposta e recebimento dos novos membros e tomadas de posse, José-Martinho Montero Santalha, que foi o primeiro presidente da AGLP, indicou que «Ainda outras duas novas académicas numerárias eleitas recentemente deveriam ser recebidas também hoje: Antia Cortiças Leira e Iolanda Rodrigues Aldrei. Por compromissos pessoais, não podem estar presentes neste ato, de maneira que o seu recebimento público fica para outra ocasião. Com todos estes nomes torna-se transparente o esforço da nossa Academia por corrigir o desequilíbrio entre o número de mulheres e homens: um desequilíbrio que, não por ser tradicional e ainda comum em muitas esferas da nossa sociedade, deixa de ser injusto e, portanto, intolerável». Disse-lhes Montero Santalha às novas académicas e académico que «Tendes desde agora uma nova casa e até quase uma nova família. Detrás dela está, em primeiro lugar, a longa série de mestres que assim na Galiza como em Portugal, no Brasil e nos outros territórios de língua portuguesa defenderam a unidade linguística galego-portuguesa, e, em segundo lugar, estão as muitas pessoas galegas de hoje que se sentem parte da Lusofonia. A AGLP convida-vos a exercer e desenvolver nela as vossas capacidades, as vossas ideias e propostas e as vossas iniciativas, em serviço da língua que nos une e nos configura como pessoas. Em nome da Academia digo-vos mais uma vez: bem-vindas e muito obrigado!».

O capítulo de “Instituição” inclui também um relatório (pp. 149-160) das onze atividades que realizou em 2022 a AGLP, um ano difícil, lembra, por causa das dificuldades da pandemia da covid-19. Informa (pp. 161-162) da comemoração, por vez primeira, do “Dia da Academia”, agendado em 15 de dezembro de 2022 em Compostela, na sua sede da Casa da Língua Comum. Acrescenta a “Laudatio in honorem Isaac Alonso Estraviz” (pp. 197-203), proferida por Maria do Carmo Hernríquez Salido, professora catedrática da Universidade de Vigo o dia 18 de julho de 2022, no reconhecimento público a Estraviz, numerário da AGLP, com a Medalha de Ouro de Ourense por parte da Deputação Provincial de Ourense. Inclui depois o artigo “A nossa língua: Mil anos de história, 8 séculos de escrita: o testamento de 1214 de Dom Afonso II”, (pp. 205-215), assinado por José-Martinho Montero Santalha; e finaliza com uma “Necrológica de Adriano Moreira (1922-2022)”, nas pp. 217-218, em que se lembra este vulto da intelectualidade e a política portuguesa, também membro correspondente da AGLP, falecido em 23 de outubro de 2022.

 

Referência de seis publicações

Este volume 15º do BAGLP finaliza com a referência de seis publicações. São estas: “Remover Roma por Santiago. O Conflito entre Roma e Santiago à Luz da Historia Compostelana”, de Henrique Egea (pp. 221-225), de que se ocupa José Manuel Barbosa, académico numerário da AGLP; “Teoria das Ruínas”, livro de poesia de Alfredo Ferreiro Salgueiro (pp. 227-230), que valoriza o professor e crítico José António Lozano; “Tempo Tardade”, narrativa de Raquel Miragaia (pp. 231-233) e “A unidade e a harmonia da realidade. Complexidade e ecoloxía”, estudo de Victorino Pérez Prieto (pp. 239-247), dois livros resenhados por José-Martinho Montero Santalha, académico numerário da AGLP; “Matria. Poesia para a terra”, volume de Adela Figueroa Panisse, académica numerária da AGLP (pp. 235-238), de que fala Stela Strada; e “Manual Galego-Português de História”, de Manuel Lopes Zebral (pp. 249-249) de que escreve António Gil Hernández, académico numerário da AGLP.

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