Pesar pela morte de José Luís Fontenla Rodrigues, membro de honra da Academia Galega da Língua Portuguesa

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) recebe com enorme pesar e tristeza a comunicação da morte de José Luís Fontenla Rodrigues, Membro de Honra da nossa entidade e uma figura referencial do Movimento Lusófono da Galiza.


 AGLP 30/06/2025

Nascido o 9 de fevereiro de 1944, em Ponte Vedra, ele tinha 81 anos e o seu enterro realizou-se às 11:45 horas de hoje, 30 de junho, no cemitério de Santo Amaro da sua cidade natal. O óbito aconteceu em Oleiros, onde ele morava.

José Luís Fontenla (esquerda) com outros membros da AGLP


José Luís Fontenla Rodrigues era filho de Maria Rosa Rodrigues e José Luís Fontenla Mendes, que fora membro das Mocidades Galeguistas, do Partido Galeguista, do Seminário de Estudos Galegos, de Labor Galega de Ponte Vedra e da editora SEPT.
Fontenla Rodrigues notabilizou-se como ativista político e cultural, advogado, escritor, poeta, jornalista, tendo utilizado diversos pseudónimos como João Padrão, Luís Röiz, António Eirinha e outros.

Entre as suas múltiplas produções, merece especial destaque o ter sido representante das delegações galegas que participaram nas negociações dos Acordos Ortográficos da Língua Portuguesa celebradas no Rio de Janeiro (em maio de 1986, acompanhando com Adela Figueroa PanisseIsaac Alonso Estraviz -quem tinha a delegação de Ernesto Guerra da Cal-) e Lisboa (em outubro de 1990, juntamente com António Gil Hernández).

No âmbito da atividade profissional e cívica durante a ditadura franquista destaca em 1970 a sua implicação a favor da abolição da pena de morte, pela amnistia e os direitos humanos, a título pessoal e em iniciativas coletivas por meio da Ordem dos Advogados.
No terreno político cofundou o Conselho de Forças Políticas Galegas, em reunião realizada no seu escritório de advogado de Ponte Vedra em janeiro de 1976, mantendo relação direta e epistolar com as mais relevantes figuras políticas do âmbito espanhol. Fundou o Partido Galego Social-Democrata, sendo candidato ao Senado espanhol pelo Partido Socialista Galego em 1982. Foi representante da Galiza na Plataforma de Convergência Democrática durante a ditadura franquista, na clandestinidade. Colaborou com o Euskal Sozialista Bitxarrea - Partido Socialista Vasco e o grupo socialista “ex-Reagrupament” de Josep Pallach para criar uma Federação de Partidos Socialistas com o PSOE (H) histórico. Elaborou um projeto de Constituição para a Galiza fazer parte de um possível Estado Confederal Espanhol.
Como advogado, fez as gestões em Madrid para a legalização da Asamblea Nacional-Popular Galega (AN-PG) em março de 1978, antecedente do atual Bloque Nacionalista Galego (BNG).

José Luís Fontenla considerava-se membro da Geração da Lusofonia “que defende a Lingua Portuguesa em toda a parte e como língua nacional e oficial de Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc.” e defendeu e trabalhou para conseguir “uma política forte e decidida em prol da segunda língua românica do mundo, umas das mais formosas línguas do planeta, extensa e útil (Castelao) e opulenta e subtil (Pessoa) que falam 240 milhões de pessoas nos cinco continentes, segundo a UNESCO”, segundo ele escrevia em 2005. Também se tem considerado em alguma oportunidade Fontenla Rodrigues como continuador das ideias linguísticas e a conceção do patriotismo da Geração Nós.

José Luís Fontenla Rodrigues foi fundador da Associação Cultural O Galo, em Santiago de Compostela; presidente da Associação de Amigos da Cultura de Ponte Vedra; da Associação para a Defesa Ecológica da Galiza (Adega) e de Amnistia Internacional na Galiza. Foi também membro do Conselho de Redação do Boletim do Ilustre Colégio de Advogados de Ponte Vedra; relator no I Congresso do Direito Galego e Prémio de Ensaio nos Jogos Galaico-Minhotos de Guimarães. Também do Conselho Asessor da revista O Ensino. Entre outros muitos reconhecimentos, o dia 2 de setembro de 2018 recebeu em Chantada o prémio da Fundação Meendinho.

Autorretrato de José Luís Fontenla

José Luís Fontenla cedeu a sua biblioteca e mais a biblioteca do seu pai para a Academia Galega da Língua Portuguesa, e está disponível na Casa da Língua Comum, em Santiago de Compostela. Ele colaborou no Boletim número 10 da AGLP com o artigo “A Lusofonia e os Acordos Ortográficos”. Muitos outros trabalhos seus estão publicados em Nós, revista Galaicoportuguesa de Cultura, Cadernos do Povo e outras publicações das Irmandades da Fala de Galiza e Portugal, de que ele foi presidente.

Também publicou os livros Poemas de Paris e outros poemas; Itaca, tragédia num ato único europeu (teatro); Sememas; Poemas Lusófonos; Poemas para Cynara; Sem Título; Fragmentos sem nome ou Metamorfoses.

A Academia Galega da Língua Portuguesa envia as suas maiores condolências à família e amizades.

Nota de falecimento de José Luís Fontenla

 

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