O Parlamento Galego aprova dar um maior reconhecimento a Isaac Alonso Estraviz, promotor da AGLP
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O ilustre lexicógrafo e lexicólogo publica um livro de contos, com o apoio da “Xunta de Galicia”
AGLP. 02.05.2025. Texto: J. Rodrigues Gomes; Coordenação Linguística: Antia Cortiças Leira; Produção: Xico Paradelo.
O Pleno do Parlamento de Galiza aprovou instar ao Governo Autonómico para “continuar impulsando os vínculos” com a comunidade lusófona através do reconhecimento ao trabalho de pessoas como Isaac Alonso Estraviz. Foi esta uma das resoluções do debate anual sobre política geral aprovadas no Pleno da Câmara Legislativa celebrado o dia 23 de abril, que a instituição difunde na Rede, nesta ligação.
A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) parabeniza o Parlamento por este acordo, que destaca a personalidade de Alonso Estraviz, um dos promotores da nossa instituição, e também o primeiro vice-presidente, membro da Comissão de Lexicologia e Lexicografia, e do Conselho de Redação, de Administração e Científico do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (BAGLP). Estraviz é também um dos máximos referentes do movimento reintegracionista, que busca a confluência da língua autóctone da Galiza com a dos povos da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP) e autor do célebre e emblemático Dicionário Estraviz (disponível para acesso geral em www.estraviz.org): a edição eletrónica deste repositório começou em 2005, no Portal Galego da Língua e completou 20 anos de serviço na Internet para a Galiza e para toda a comunidade lusófona em janeiro deste ano 2025 (ver nesta ligação). A proposta de resolução no Parlamento de Galiza foi apresentada e defendida por Armando Ojea, deputado de Democracia Ourensana, pertencente ao Grupo Mixto. O texto definitivo foi o resultado de uma transação com o maioritário Grupo Popular. Foi aprovado por 66 votos a favor, nenhum em contra e 9 abstenções.
Uma obra monumental
Uma obra monumental como o Dicionário Estraviz, que ultrapassa os 155.000 verbetes e continua a ser acrescentado e atualizado, justificaria esse reconhecimento institucional. Porém, a produção de Estraviz em prol da língua e a cultura galegas começou em 1959 e continua com novas produções na atualidade, quando já entrou na casa dos 90 anos de idade. Ele exerceu, profissionalmente, de professor no ensino não universitário, e depois na Universidade de Vigo, tendo-se doutorado na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela.
O Dicionário Estraviz tem como precedentes outros dicionários galegos, também da sua autoria, impressos e publicados em 1983 (na editora Nos, da Corunha), 1986 (na Alhena, de Madrid) e 1996 (sob a chancela da Sotelo Blanco, de Santiago de Compostela).
Além disso, em 1987 publicou Estudos filológicos galego-portugueses; no ano 2000, Os intelectuais galegos e Teixeira de Pascoaes: epistolário, junto com Eloísa Álvarez, docente da Universidade de Coimbra; no 2011, Santos Júnior e os Intelectuais Galegos. Epistolário; no 2014, Os falares dos concelhos de Trasmiras e Qualedro, que tinha sido a sua pesquisa de doutoramento; além de participar em numerosas colaborações em revistas científicas e literárias editadas na Galiza, Portugal e Espanha; e um volume literário publicado em 1973 numa célebre coleção da editora Castrelos, de Vigo. Este volume de contos foi agora reeditado, e acaba de sair do prelo, sob a chancela da Visualq, com o título Contos com reviravolta. São um conjunto de 15 pequenas histórias (“Das Lagoas a Ourense”, “O arado vai fendendo a terra”, “O ferreiro sabido”, “Um novo amencer”, “O marquês sem cuidados”, “A coelha Maripepa”, “Manolinho, o das gravatas”, “Não tínhamos saída”, “Aquelas covas”, “ ‘Ai, os curas, mãe que os pariu!’”, “Viagem a Chaves”, “Quem dera!!!”, “Salmo Ascensional Galego. Santiago de Compostela, Coração da Alma Galega”, “O senhor Lupário” e “Como nasceu a música”). O livro acompanha-se com ilustrações na capa e páginas interiores de Jocabed Fernández González e um texto introdutório de José Luís Fernández Carnicero. Conta com o apoio da “Xunta de Galicia”, através da “Secretaría Xeral da Lingua”. Estraviz acrescentou alguns relatos novos aos incluídos na edição de há 52 anos.
Em 1986, Isaac Alonso Estraviz foi representante da Galiza nas reuniões para um Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, celebrado no Rio de Janeiro. Entre os diversos reconhecimentos que tem recebido, merece salientar-se também o ter sido designado membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
No ano 2013 a editora Através publicou o livro Conversas com Isaac Alonso Estraviz, da autoria do professor Bernardo Penabade, em que se esclarecem os principais aspetos da sua biografia e trajetória.