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Defendida tese de doutoramento sobre a Poesia Galega de Ricardo Carvalho Calero na Universidade da Corunha

Na passada sexta-feira, 19 de dezembro, foi defendida na Faculdade de Filologia da Universidade da Corunha a tese de doutoramento de Paulo Fernandes Mirás, numerário da Academia Galega da Língua Portuguesa, com o título "Edição da poesia em galego de Ricardo Carvalho Calero", sob a direção da professora Maria Teresa López Fernández.

AGLP 23/12/2025

Texto: Maria Rosário Fernades Velho


O evento decorreu na Sala de Atos, acompanhado por familiares e amigos, e foi avaliado pelos Professores Doutores Xosé Ramón Freixeiro Mato, que presidiu o júri, Diego Ribadulla Costa, da Universidade de Santiago, que atuou como secretário, e Maria Aldina Marques, da Universidade do Minho, como vogal. A tese reúne toda a poesia publicada de Ricardo Carvalho Calero, incluindo não apenas os poemas canónicos, mas também aqueles que estavam dispersos, os excluídos e os recuperados, bem como a poesia parcialmente inédita, que aparece no volume Feixe Levián, um livro até então desconhecido, além de outros poemas encontrados em bibliotecas, arquivos e até em casas particulares.

Feixe Levián foi escrito entre 1934 e 1948, durante a Guerra Civil e a Pós-guerra, um período histórico extremamente complexo para Carvalho Calero e que, para a história da literatura galega, preenche um espaço até então inexplorado. A maioria dos poemas inéditos também pertence a essa mesma cronologia. Até agora, a obra considerada inaugural da narrativa galega foi Gente da Barreira. No entanto, no que diz respeito à poesia em galego dessa época, podemos estabelecer certos paralelismos. Carvalho Calero posiciona-se entre Eugénio Montes e Álvaro Cunqueiro, inserindo-se nas Vanguardas do século XX. Este novo trabalho exige que repensemos este momento da história da nossa literatura à luz desta recente investigação.

Outro dos aspetos que esta tese revela são os posicionamentos estéticos de Carvalho Calero, herdeiros do período anterior à Guerra Civil, mas que, com o tempo, evoluem para novos caminhos, assumindo características próprias do seu momento histórico.

Estamos, assim, a avançar e a dar conta do que ainda faltava, abordando aquilo que Dom Ricardo mais valorizava na sua trajetória: antes de mais nada, ele era, e sempre se considerou, um poeta. Às controvérsias normativas sobre o Scórpio, acrescenta-se agora uma nova reflexão: o lugar que Ricardo Carvalho Calero ocupa na história da literatura galega como poeta.

A Academia dá os efusivos parabéns a Doutor Paulo Fernandes Mirás por este trabalho tão necessário, dedicado a um autor, Ricardo Carvalho Calero, que hoje também se revela indispensável, pois foi ele quem interpretou a literatura galega unicamente como a escrita em galego seguindo o critério filológico por ele próprio proposto, interpretação que a dia de hoje ninguém questiona.

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