II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor Raul Rosado Fernandes

Professor Rosado Fernandes defende a aproximação das academias
à sociedade civil, bem como a sua internacionalização

AGLP / PGL - Continuamos com a série de entrevistas a participantes no II Seminário de Lexicologia , realizado pela AGLP o dia 25 de setembro de 2010 em Santiago de Compostela. Após a entrevista ao catedrático Montero Santalha, agora é a vez do professor Raul Rosado Fernandes, académico efectivo da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).

O professor Raul Rosado Fernandes é professor catedrático jubilado do Departamento de Filologia Clássica da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, universidade de que foi Reitor entre 1979 e 1982, bem como Investigador do Centro de Estudos Clássicos daquela Faculdade, na área das Fontes Clássicas da Cultura Portuguesa. No II Seminário de Lexicologia da AGLP participou em representação da ACL.

Em resposta às perguntas do entrevistador Breogão Martínez Vila, do Portal Galego da Língua, começou indicando a necessidade de alargar o espaço das academias. “Têm de penetrar mais nos interesses da sociedade civil, têm de se ligar mais à evolução da tecnologia, inclusive para encontrar um vocabulário que seja aceitável para as invenções tecnológicas...” Frisou que a ACL vai ter “uma espécie de universidade para seniores”, para acrescentar o contacto com a sociedade civil, e salientou a necessidade de internacionalização das Academias.

Entre as tarefas que o incumbem na tarefa académica, o professor Rosado Fernandes está ligado ao grupo de trabalho que está a fazer uma revisão do Dicionário da ACL. Já no terreno dos estudos clássicos, está interessado também em fazer uma comparação entre os cânticos homéricos e os servo-croatas e albaneses, ligando isso a o escritor albanês Ismail Kadare.

Relativamente ao papel político da língua portuguesa, entende que pode entrar como língua de trabalho em diversos organismos internacionais, o que precisará de muitas negociações. Neste terreno, o papel do Brasil poderá ser decisivo. Finalmente, relacionou a promoção da língua com a investigação e, por consequência, as patentes.

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II Seminário de Lexicologia - Entrevista a José-Martinho Montero Santalha

Presidente da AGLP anuncia início dos trabalhos
para a elaboração da Gramática do Português da Galiza

 AGLP / PGL - A Academia Galega da Língua Portuguesa e o Portal Galego da Língua iniciam a emissão de 8 entrevistas aos responsáveis das instituições galegas, portuguesas e brasileiras participantes no II Seminário de Lexicologia , realizado pela AGLP o dia 25 de setembro de 2010 em Santiago de Compostela.

Inicia-se esta série com o Presidente da Academia Galega, José-Martinho Montero Santalha, em resposta às perguntas de Iolanda Mato, da Associação Cultural Pró AGLP. Nas seguintes semanas serão emitidas as correspondentes aos professores Raul Rosado Fernandes (Academia das Ciências de Lisboa), Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras), Samuel Rego (Instituto Camões), Joseph Ghanime (Docentes de Português na Galiza), Margarida Costa (Porto Editora), Carlos Amaral (Priberam Informática) e João Malaca Casteleiro (Academia das Ciências de Lisboa). Em breve a Academia irá disponibilizar também o DVD com a gravação integral do Segundo Seminário.

Nas suas declarações, Montero Santalha salientou as publicações da Academia: Boletim, Anexos do Boletim e Coleção de Clássicos da Galiza, de que foi editado o primeiro número, Cantares Galegos de Rosalia de Castro.

A seguir explicou o sentido da escolha do léxico da Galiza para incluir no Vocabulário Ortográfico Comum: “Aquela parte do léxico galego que seja autêntica e genuína … aquelas palavras que, depois de um estudo bem fundamentado, histórico e filológico, se chega à conclusão de que são autênticas, que não são castelhanismos nem disparates … possa entrar a formar parte dos vocabulários de língua portuguesa”.

Gramática do Português da Galiza

Entre as atividades da Academia, o catedrático da Universidade de Vigo referiu o início da elaboração da Gramática do Português da Galiza, concretizando: “O primeiro é estabelecer a pronúncia culta ..., mas também que nos dicionários portugueses apareça, pelo menos para o léxico galego, a transcrição fonética da pronúncia galega”.

Quanto ao Vocabulário Ortográfico Comum da língua portuguesa, indicou que “nesse caminho se vai. Em Portugal, como no Brasil, as suas academias tinham o seu próprio vocabulário ortográfico, que se vinha re-editando. Ainda se está nesse ponto, mas penso que não haverá grande dificuldade em fazer um Vocabulário Ortográfico Comum. Desde logo, nós os galegos, já demos o nosso contributo, disponível, que já começa a estar recolhido nalguns vocabulários. De modo que não tardará em fazer-se".

Na questão do futuro da língua, indicou: “Temos claro que a língua da Galiza não sobreviverá se quer fazê-lo fora do mundo lusófono. No século XXI criar uma língua independente, que tem menos de 3 milhões de falantes, e já não digamos com a situação problemática dentro da mesma Galiza, com o influxo tão poderoso do castelhano, é um suicídio cultural. De modo que isso temo-lo claro. O galego só vai sobreviver como português. Se não for assim, morrerá, ficará como o resto de uma língua escrita … Sempre haverá uma minoria que defenda a sua língua como português, que talvez chegue a se maioria algum dia, de modo que para o futuro da língua, cremos ser o único caminho”.

Fez finalmente um balanço positivo dos primeiros dous anos de existência da Academia Galega da Língua Portuguesa. Disse que “A acolhida foi surpreendentemente boa em muita gente. Houve também reações contrárias, especialmente ao nome de Língua Portuguesa, mas em geral foi uma acolhida muito positiva”.

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Programa do II Seminário de Lexicologia

Academia Galega da Língua Portuguesa

A Academia Galega da Língua Portuguesa organiza o II Seminário de Lexicologia, que terá lugar em Santiago de Compostela o dia 25 de setembro de 2010. Está confirmada a participação das academias portuguesa e brasileira, além da Porto Editora e a Priberam Informática.

Além de facilitar o intercâmbio de informações, o evento servirá também para a apresentação de novidades editoriais. A participação no evento requer inscrição prévia no endereço secretaria[arroba]aglp.net. Os interessados devem indicar nome completo, instituição que representam, endereço de correio e telemóvel de contato.

II SEMINÁRIO DE LEXICOLOGIA
Academia Galega da Língua Portuguesa
PROGRAMA

Data: 25 de setembro de 2010

Lugar: Fundação Caixa Galicia. Rua do Vilar, 19, Santiago de Compostela

Horário:

9.30 Receção aos participantes e entrega de materiais

10.00 Primeira sessão: O papel das Academias

12.00 Segunda sessão: Situação do ensino do português

14.00 Jantar

16.30 Terceira sessão: Dicionários e vocabulários

18.30 Quarta Sessão: Lexicologia e Lexicografia

20.00 Encerramento do Seminário

Destinado a professores, investigadores e estudantes de língua

Inscrição: Indicar nome, profissão e endereço de contato.

Quota normal: 30 euros. Quota reduzida: 15 euros (estudantes e desempregados)

Enviar correio a: secretaria[arroba]academiagalega.org. Telefone: (34) 667628090 Fax: (34) 981811967

Entidades participantes:

Oradores:

  • António Gil Hernández, Secretário da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da AGLP
  • Carlos Amaral, Administrador da Priberam Informática
  • Evanildo Bechara, Representante da Academia Brasileira de Letras
  • Fernando V. Corredoira, Comissão de Lexicologia e Lexicografia da AGLP
  • Helena Figueira, Responsável pelo Dicionário Priberam
  • João Malaca Casteleiro, da Academia das Ciências de Lisboa (ACL)
  • José-Martinho Montero Santalha, Presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa
  • Joseph Ghanime, Vice-Presidente da Associação Docentes de Português na Galiza
  • Margarida Costa, Departamento de Dicionários da Porto Editora
  • Margarita Correia, Vice-Presidente do Instituto de Linguística Teórica e Computacional
  • Raúl Rosado Fernandes, Representante da Academia das Ciências de Lisboa
  • Samuel Rego, Representante do Instituto Camões na Galiza
  • Valentim Rodrigues Fagim, da Academia Galega da Língua Portuguesa e Presidente da AGAL

PROGRAMA

9:30 Abertura do secretariado e entrega de materiais.

1ª SESSÃO: O papel das academias. Moderador: Ângelo Cristóvão

10:00 José-Martinho Montero Santalha (AGLP)

10:20 Raúl Rosado Fernandes (ACL)

10.40 Evanildo Bechara (ABL)

11.00 Debate

11.30 Pausa para café

2ª SESSÃO: Situação do ensino da língua. Moderador: José Paz Rodrigues

12:00 Samuel Rego (Instituto Camões): «A ação do Instituto Camões no Mundo»

12:20 Joseph Ghanime (DPG): «Situação do ensino do português na Galiza»

12:40 Valentim R. Fagim (AGLP) «Do Ñ para o NH: Pedagogia do ensino do português na Galiza»

13:00 Debate

13.30 Fim da sessão da manhã

14:00 Jantar

3ª SESSÃO: Ferramentas linguísticas. Moderadora: Concha Rousia

16:30 Margarida Costa (Porto Editora): «O Grande Dicionário da Língua Portuguesa»

16:50 Carlos Amaral (Priberam): «FliP, 15 anos a dar a volta ao texto»

17:10 Margarita Correia (ILTEC): «O Portal da Língua Portuguesa e seus recursos»

17:30 Helena Figueira (Priberam): «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa»

17:50 Debate

4ª SESSÃO: Lexicologia e Lexicografia. Moderador: Joám Evans Pim

18:30 João Malaca Casteleiro (ACL): «O uso do hífen segundo o novo Acordo Ortográfico»

18:50 António Gil Hernández (AGLP): «Sobre léxico da Galiza: Critérios»

19:10 Fernando V. Corredoira (AGLP): «A recuperação do léxico galego no Sempre em Galiza de Castelão»

19:30 Debate

20:00 Encerramento do Seminário, com José-Martinho Montero Santalha (AGLP), Raúl Rosado Fernandes (ACL), Evanildo Bechara (ABL) e João Malaca Casteleiro (ACL).

Mais informação:

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II Seminário de Lexicologia da AGLP

A Academia Galega da Língua Portuguesa organiza o II Seminário de Lexicologia, que terá lugar em Santiago de Compostela o dia 25 de setembro de 2010.

Está confirmada a participação das academias portuguesa e brasileira, além da Porto Editora e a Priberam Informática.

Além de facilitar o intercâmbio de informações, o evento servirá também para a apresentação de novidades editoriais.

A participação no evento requer inscrição prévia no endereço secretaria[@]academiagalega.org. Os interessados devem indicar nome completo, instituição que representam, endereço de correio e telemóvel de contato.

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Vídeo-entrevista a João Malaca Casteleiro, da ACL

«A introdução do Léxico da Galiza no Vocabulário da Porto Editora
responde a um objetivo de representação global da língua portuguesa
»

O professor João Malaca Casteleiro encerra a série de 7 entrevistas a professores participantes no I Seminário de Lexicologia da AGLP, realizado em 5 de outubro no Centro Cultural da CaixaGalicia. Na sua intervenção, em Santiago de Compostela, apresentou o Vocabulário Ortográfico da Porto Editora, que inclui um contributo lexical galego de mais de 800 palavras.

Membro da Academia das Ciências de Lisboa desde 1979, de cujo Instituto de Lexicologia e Lexicografia foi presidente entre 1991 e 2008, conta entre os seus maiores contributos ter sido coordenador do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da ACL (2001) e responsável pela versão portuguesa do Dicionário Houaiss (2002). Atualmente está elaborando o Dicionário Ortográfico e de Pronúncias e o Dicionário do Português Medieval, em que colaboram as professoras Maria Francisca Xavier e Maria de Lourdes Crispim, da Universidade Nova de Lisboa.

Participou na delegação portuguesa ao Encontro de Unificação Ortográfica de 1986 na Academia Brasileira de Letras, como também na redação do Anteprojecto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa de 1988, assim como nos trabalhos que conduziram ao Acordo Ortográfico de 1990, assinado em 12 de outubro na Academia das Ciências de Lisboa. É um dos maiores defensores da aplicação do Acordo em Portugal, tendo-se destacado na comunicação social pela defesa da sua aplicação.

Léxico da Galiza

Na entrevista o professor Casteleiro afirma que a introdução do Léxico da Galiza no Vocabulário Ortográfico da Porto Editora «Corresponde a um objetivo de representação global da língua portuguesa».

«Reparem que a ABL tinha publicado já o Vocabulário Ortográfico, mais na perspetiva brasileira. Ora, a norma gráfica portuguesa era seguida pelos países africanos de língua oficial portuguesa, na Ásia, em Timor, na Região Administrativa Especial de Macau, e também noutras regiões, e concretamente aqui na Galiza, porque o Acordo foi também adotado e, durante as reuniões que se fizeram em Lisboa, como, aliás, já tinha acontecido em 1986 no Rio de Janeiro, houve uma representação da Galiza, como observadores. Portanto, nós registamos neste Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa que agora se publica pela Porto Editora os africanismos, e os asiaticismos que ocorrem na língua portuguesa e que já estavam, em grande medida, dicionarizados. Faltava aí o léxico da Galiza».

«Ora, acontece que esta ideia de a Galiza elaborar o seu léxico partiu de uma conversa que tivemos com membros da comissão que acompanhou o Acordo Ortográfico (a Conferência Internacional de 7 de abril de 2008, na Assembleia da República) e que era no sentido de dispormos de um repertório de termos, de palavras, de vocábulos próprios da Galiza que pudéssemos integrar no Vocabulário Ortográfico Unificado. E também eu, na altura, pensava na segunda edição do Dicionário da Academia».

Vocabulário técnico e científico

Afirma o professor que a publicação do Vocabulário da Porto Editora responde a uma necessidade do Acordo Ortográfico, e à de evitar que pudesse ser invocada, pelos seus  opositores, a inexistência de um texto desse teor editado em Portugal. Além disto, «o Acordo de 1990 tinha previsto a elaboração de um vocabulário comum unificado da língua portuguesa. Tinha mais como preocupação a unificação, tanto quanto possível, dos termos técnicos e científicos das várias ciências, e sobretudo dos que têm entrado na língua de há umas décadas para acá».

O professor Malaca manifesta-se de acordo com a iniciativa do ministro da Cultura do anterior governo português, Pinto Ribeiro, na necessidade de criar uma nova Academia que se dedique especificamente à Língua Portuguesa. «Não é uma academia contra ninguém, menos contra a ACL».

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Editado DVD do Seminário de Lexicologia da AGLP

Vídeo-resumo do I Seminário de Lexicologia

Já foi editado o DVD do Seminário de Lexicologia da Academia Galega da Língua Portuguesa. O evento, realizado em Santiago de Compostela em 5 de outubro de 2009, reuniu alguns dos mais importantes lexicólogos da língua portuguesa, por convite da Academia Galega da Língua Portuguesa.

O DVD consta de 4 discos com a gravação integral do evento mais 7 entrevistas, somando 5 horas e 20 minutos. Está a ser distribuído gratuitamente em bibliotecas e instituições culturais. O resumo, assim como as entrevistas, foram disponibilizados na internet.

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Vídeo-entrevista a Evanildo Bechara, coordenador da CLL da ABL

PGL | AGLP - Evanildo Cavalcante Bechara, natural do Recife, ocupa a cadeira número 33 da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 2000. Como filólogo, é conhecida a sua edição das Investigações Filológicas de M. Said Ali. Como gramático é autor da muito divulgada Moderna Gramática Portuguesa, (37.ª edição, 1999), a Gramática Escolar da Língua Portuguesa (1.ª edição, 2001) e Lições de Português pela Análise Sintática (18.ª edição, 2004).

Na ABL é coordenador da Comissão de Lexicologia e Lexicografia, tendo apresentado a 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, em sessão interacadémica na Academia das Ciências de Lisboa, em abril de 2009, no mesmo evento em que o presidente da AGLP, Montero Santalha, apresentou o Léxico da Galiza.

Na entrevista, realizada o 5 de outubro de 2009, o professor explica a orientação da ABL no sentido de considerar, já no primeiro artigo da sua constituição, em 1897, o facto de a língua portuguesa não ser só do Brasil, «de modo que a identidade brasileira estava na literatura, enquanto a língua era um instrumento de comunicação, de realização profissional e artística comum a Portugal e ao Brasil».

À pergunta do entrevistador sobre a previsão da elaboração do Vocabulário Comum, o professor indica que «o texto do Acordo de 1990 não fala de um vocabulário da chamada língua primária. O que o texto diz é que, depois que os signatários do Acordo de 90 trabalharam na unificação da ortografia, que essa unificação, na medida do possível, e tão completa quanto possível, chegasse à unificação da nomenclatura técnica e científica. O vocabulário comum tem de ser o léxico comum a essas nações». «O Acordo Ortográfico de 1990 fala unicamente da unificação do significante». «Agora, o significado, este, será tarefa dos dicionários».

Quanto à possibilidade de uma maior unificação ortográfica, julga ser impossível. «Se nós optarmos por atender à pronúncia, uma língua pode admitir variantes. Então, assim como os portugueses pronunciam António, e no Brasil pronunciamos Antônio, ou essas duas formas continuarão a ser usadas e escritas diferentemente, ou então adotaremos o seguinte: que nesses casos dos paroxítonos com vogais tónicas nasais, não seja assinalado o timbre da vogal.»

Evanildo Bechara participou no Seminário de Lexicologia da AGLP, em 5 de outubro, com a comunicação «Passos na implantação do Acordo Ortográfico no Brasil».

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Vídeo-entrevista a Chrys Chrystello, presidente da CE dos Colóquios da Lusofonia

PGL | AGLP - Nesta entrevista o Presidente da Comissão Executiva dos Colóquios da Lusofonia, Chrys Chrystello, dá mais detalhes da sua tarefa e do seu compromisso social. Uma circum-navegação que o levou de Portugal a Timor, Macau e Austrália, com regresso a Portugal, onde atualmente reside nos Açores.

Com o lema «Não prometemos, fazemos», os Colóquios, que se realizam desde 2001 e já chegaram a 12 edições, têm escolhido em sucessivos anos, temas de atualidade como a questão da língua mirandesa, o português em Timor, o Acordo Ortográfico ou o português da Galiza.

«Os colóquios da lusofonia são independentes, livres, admitem todos os temas, sem pressões de instituições ou governos». Assim define Chrys Chrystello esta iniciativa cultural que começou a realizar-se em 2001-2002 e continua todos os anos a levar escritores, professores e investigadores dos quatro continentes a Bragança (em outubro) e aos Açores (em abril). Neste sentido, afirma serem os Colóquios «os representantes da sociedade civil capaz e atuante».

O seu recente livro Chrónicaçores: Uma circum-navegação, foi descrito como um belo texto com os lados de um triângulo: Autobiografia, livro de aventuras e registo histórico. Pode o leitor aproximar-se dele com três perspetivas, comprovando ao mesmo tempo a intensidade vital associada à crítica social, a minuciosidade na descrição dos factos, e a análise dos diferentes tipos humanos. Disse o autor em 2006: «O único defeito de que não podem acusar-me é de ser politicamente correto».

A dinâmica dos Colóquios

O balanço dos últimos anos é, para o presidente dos Colóquios da Lusofonia, enormemente satisfatório, pondo como exemplo ter ajudado à criação da AGLP, a elaboração em curso da Diciopédia Contrastiva da Língua Portuguesa, com 36 especialistas a trabalhar na sua elaboração, a criação dos Estudos Açorianos que serão ministrados à distância na Universidade do Sul de Santa Catarina, e em modo presencial na Universidade do Minho. Entre os projetos em curso, o Museu da Língua Portuguesa em Bragança, previsto para começar a funcionar em 2011, e a promoção de uma nova Academia da Língua em Portugal, que considera absolutamente necessária.

O Encontro Açoriano da Lusofonia terá lugar em 2010 em Florianópolis, Santa Catarina, tendo previsto ir em anos seguintes a Maputo e Macau, manifestando também a sua vontade de se realizar uma edição na Galiza.

Política de língua

Entende o professor Chrystello que, nestes temas, o governo português não tem uma perspetiva histórica. Precisa-se a criação de uma política de longo prazo, independente de governos, para que a língua seja preservada, atuando lá onde houver falantes de português. Além disto, considera que o Acordo Ortográfico é «um ótimo instrumento» para uma política de língua de futuro, afirmando a facilidade para realizar as adaptações às novas regras.

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Vídeo-entrevista a Artur Anselmo, presidente da CLL da ACL

PGL | AGLP - Artur Anselmo é Presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa. Alto-minhoto de família originária da Galiza, e alto-alentejano pelo lado paterno, tem lecionado Língua, Literatura e Cultura Portuguesa, assim como Cultura Clássica, Semiologia e História do Livro, em universidades da Europa e do Brasil. Uma das suas obras mais conhecidas As Origens da Imprensa em Portugal (1981).

Nesta entrevista realizada por Diego Bernal, do Portal Galego da Língua, salienta a posição da ACL entre as mais antigas academias europeias (1779), tendo o papel mais importante na preservação da língua. Inclui as classes de Ciências e Letras, sendo instituição de referência que o governo deve consultar nos assuntos da língua. A presidência da ACL corresponde anualmente, de forma alternativa, aos presidentes das classes de ciências e de letras.

A Classe de Letras da ACL

A função principal da Classe de Letras é a edição de glossários, vocabulários e dicionários que permitam atualizar constantemente a língua. Diz Anselmo que «o trabalho do lexicógrafo não se restringe à simples indicação descritiva das palavras: ele tem de registar também as alterações de sentido». Deve atualizar-se constantemente a língua, com contribuições de uso generalizado e corrente que mereçam ser introduzidos nos dicionários.

Neste sentido, indicou que a terceira edição do Vocabulário Ortográfico da ACL está prevista para breve, e terá entre 60 e 70 mil entradas, dando continuidade à tradição da academia portuguesa. Regista «as palavras de uso corrente e generalizado, nem arcaísmos nem neologismos que tanto entram na língua, como saem».

Continua o professor indicando que «a língua não é de ninguém, é de todos». «Todo o que seja visões estáticas, tentar conter a língua em barreiras, prisões... é uma atitude anticientífica».

A posição dominante do inglês

Lamentou o professor a posição dominante do inglês, como segunda edição do que aconteceu com o latim dos Romanos. Rejeita «a ideia da imposição de uma língua única ao mundo», lamentando o declínio de certas línguas da Europa, como o francês. Considera que o inglês está a ser usado, em determinados âmbitos, de forma desnecessária, o que resulta num empobrecimento.

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Vídeo-entrevista a Carlos Reis, reitor da UAb

«A Universidade Aberta está interessada em criar na Galiza
um ou dois Centros Locais de Aprendizagem»

PGL | AGLP - O Prof. Carlos Reis, Reitor da Universidade Aberta, é um conhecido divulgador da obra de Eça de Queirós, tendo realizado edições críticas de várias das suas obras, como O Crime do Padre Amaro. Como especialista participou, o dia 6 de outubro, no júri da tese de doutoramento que Joel Gomes apresentou no Paraninfo da Universidade de Santiago, sobre a obra do saudoso professor galego Ernesto Guerra da Cal. Precisamente, o professor nascido em Ferrol foi o seu mestre e mentor.

Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ensaísta e correspondente da Real Academia Española, este professor nascido na Angra do Heroísmo, Açores, que foi Diretor da Biblioteca Nacional de Portugal e Presidente da Associação Internacional de Lusitanistas, é provavelmente mais conhecido na Galiza pela sua faceta na defesa e promoção da língua portuguesa. Foi muito comentada a sua intervenção na Conferência Internacional / Audição Parlamentar de 7 de abril de 2008, na Assembleia da República Portuguesa, em defesa do Acordo Ortográfico, frente à posição do eurodeputado Vasco Graça Moura, em nome dos contrários às novas regras da escrita. Foi no mesmo evento em que participaram o ex-presidente da AGAL, Alexandre Banhos, e o presidente da Associação Cultural Pró AGLP, Ângelo Cristóvão.

Na entrevista realizada por Alberto Pombo, do Portal Galego da Língua, o reitor começou explicando a função da Universidade Aberta como instituição pública do ensino a distância, orientada a um público adulto, que frequentemente procura uma requalificação profissional. Afirmou que o processo de aprendizagem ao longo da vida está adquirindo uma maior importância, uma vez que «o ciclo dos saberes, hoje, é muito rápido, e o ciclo da vida ativa é mais longo do que era no passado». Justamente é a esta parcela que se destinam os esforços da Universidade Aberta.

Colaboração AGLP - UAb

Relativamente ao Protocolo de Colaboração entre a AGLP e a Universidade Aberta, assinado o mesmo dia 5 de outubro no início do Seminário de Lexicologia, afirmou que «A língua portuguesa é uma língua acessível para praticamente qualquer galego e, portanto, nesse sentido, dada a facilidade de circulação dos diplomas... nós pensamos que era possível, e útil e pertinente, estendermos a nossa oferta pedagógica à Galiza», declarando a intenção de criar na Galiza um ou dois Centros Locais de Aprendizagem, «pequenas estruturas de apoio aos estudantes, presença da nossa oferta pedagógica, contacto com as populações, com as empresas, etc».

Continuou a sua exposição manifestando que «isto -e gostava de deixar bem clara esta posição- não representa da nossa parte, como universidade pública portuguesa, nem da minha parte como reitor, nenhuma espécie de posição antiespanhola. Esta é uma coisa que eu quero deixar claríssima». Lembrou neste sentido a sua dívida com o professor Guerra da Cal, que defendia a língua e cultura da Galiza, afirmando sempre que isso não significava uma posição contra a Espanha.

Política de Língua

Quanto à política de Língua do seu país, manteve que «A política de língua hoje em Portugal não pode ser a mesma que há 30 ou 35 anos». Devendo ter em conta a existência de 8 estados da CPLP, e ainda a Galiza, que «tem um papel importante a representar». Disse ainda que «a política de língua tem de ter em conta, antes de mais, a diversidade e um sentido estratégico de concertação». Salientou também «o papel de dinamizador de consensos que o Brasil pode desempenhar aqui».

Galiza e a CPLP

A respeito das possibilidades de a Galiza fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, acreditou: «É aceitável pensar que um dia se encontrará a forma de reunir os equilíbrios para que, uma nação como a Galiza, que tem a sua cultura, a sua identidade, a sua paisagem, a sua gente, a sua língua, ainda com os debates que esta língua sempre provoca, um dia faça parte, realmente, da CPLP, no estatuto que se entender que é o mais adequado».

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