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II Seminário de Lexicologia - Entrevista a Carlos Amaral

Última versão do FLiP inclui léxicos de todas as variedades
da língua portuguesa,  de todos os países da CPLP mais da Galiza e Macau

AGLP / PGL - Acaba a série de entrevistas realizadas durante o II Seminário de Lexicologia, organizado pela AGLP em 25 de setembro de 2010, com a intervenção de Carlos Amaral, administrador da Priberam Informática, que nos explicou as vantagens da ferramenta em língua portuguesa de maior difusão no mercado, o FLiP.

Começou explicando que «Uma das principais atividades da Priberam desde há mais de 15 anos tem sido a Língua Portuguesa». «O produto principal tem sido o FLiP» que no Brasil é comercializado sob a marca 'Aurélio'. «Em termos internacionais o impacto maior que temos em produtos em língua portuguesa foi quando a Microsoft nos licenciou para que o FLiP fosse incluído no Microsoft Office.»

Carlos Amaral anunciou que as principais novidades na última versão do FLiP são a inclusão de léxicos de todas as variedades da língua portuguesa, de todos os países da CPLP mais da Galiza e Macau. Outra novidade é a inclusão do dicionário Priberam.

Quanto ao dicionário Priberam, este apresenta novas funcionalidades, como a mostra da última palavra pesquisada, o gráfico de pesquisas em cada palavra ou as ocorrências dessa palavra no FLiP.

Com a inclusão do Léxico da Galiza, assim como de outras variedades de português «o que nós pretendemos é que quem escreve em português, seja onde for, tenha ferramentas que o ajudem a essa tarefa, a escrever da melhor maneira possível», afirma Carlos Amaral. «Há determinadas especificidades no português da Angola e de outros países africanos, nomeadamente coisas tão simples como topónimos e antropónimos e também nomes comuns que só existem naqueles países.»

«Quando há uma mudança na forma de escrever não sei quantas palavras, e ainda por cima há dúvidas, como é que se devem escrever e se mudaram ou não mudaram, o FLiP pode ser uma ferramenta mesmo indispensável. Daí que por exemplo em Portugal todos os jornais e revistas que já aderiram o Acordo Ortográfico utilizam o FLiP.»

Proximamente será publicado o vídeo-resumo do II Seminário de Lexicologia, a conter fragmentos das intervenções realizadas pelos participantes no evento.

II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor Joseph Ghanime

«É necessário seduzir a sociedade galega para que escolha o português»

AGLP / PGL - Continuamos com a sequência de entrevistas realizadas pelo Portal Galego da Língua e a Academia Galega da Língua Portuguesa durante o II Seminário de Lexicologia, realizado em Compostela no passado 25 de setembro. Desta volta o entrevistado é o professor Joseph Ghanime, da Associação de Docentes de Português na Galiza.

O professor Ghanime começa explicando os motivos do nascimento da associação e os seus fins. Informa de que a situação do ensino do português na Galiza é residual e não estrutural, porque «não existe no ensino secundário na Galiza um único professor de português que tenha sido contratado como tal, bem como não existe uma lista de substituições e interinidades profissionais» nesta matéria, sendo que o ensino da nossa língua vê-se relegado às Escolas Oficiais de Idiomas, e não a todas pois «falta avançar neste sentido, porque há escolas como Viveiro, Ribadeu, ou seções de escolas como Ordes, Noia ou Monforte que não têm português».

Contrariamente, na Extremadura espanhola a situação do português é estrutural: «Em dez anos, de 1996 a 2006, a Extremadura passou de 600 a 10.000 alunos». «Aí houve um trabalho em muitos âmbitos, não se trabalhou apenas o ensino, trabalharam muito a comunicação social, cada vez há mais notícias referentes a Portugal na imprensa extremenha e trabalharam também espaços de diálogo, de intercâmbio, etc.»

O professor adverte que em matéria de língua portuguesa «o nosso desafio é lutar contra o desconhecimento». A sociedade galega poderia tirar muitas vantagens do aprendizado do português, sempre que soubesse quais são, pelo que afirma que «temos que falar muito, com a sociedade civil, com as pessoas que estão a trabalhar, com as que estão desempregadas, com os sindicatos, com todos os atores sociais, e explicar as vantagens do português».

Da Docentes insistem em que é necessário «seduzir a sociedade galega para que escolha o português». «Facilitar, fornecer as informações necessárias» e «satisfazer a gente», isto último «depende muito da qualidade de ensino», pelo que afirmam que devem ser «pioneiros em estratégias didáticas». O tipo de alunado variou bastante nos últimos anos, explica Ghanime, posto que de um perfil mais galeguista, ligado de jeito emocional a Portugal, passou-se a um perfil em que predomina a visão prática, mais conhecedora dos aspetos económicos ou de prestígio da língua portuguesa.

Dentro dessa visão prática, não excludente da emocional, Joseph lembra que a nossa é «Uma língua de 200 milhões de falantes. Somos fronteirizos com Portugal, país com o qual existem muitíssimas relações comerciais. E o Brasil é um país de 180 milhões de habitantes, em termos macroeconómicos é uma das economias com maior produto interno bruto do mundo».

II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor Samuel Rego

«Na Galiza, os projetos culturais portugueses
são integrados de forma natural numa agenda geral galega»

PGL / AGLP - Dentro da sequência de entrevistas realizadas pela Academia Galega da Língua Portuguesa e pelo Portal Galego da Língua durante o II Seminário de Lexicologia realizado em Compostela o 25 de setembro passado, foi entrevistado o representante do Instituto Camões na Galiza, prof. Samuel Rego.

Depois de apresentar o Instituto Camões e de explicar o seu papel dentro das atividades culturais na Galiza, o professor Rego expôs as duas vertentes das principais atividades do Instituto: «promover a língua, por um lado, e a cultura, por outro. Aqui, na Galiza, conseguimos ter essas duas frentes muito ativas, por um lado, colaborar com as Universidades, Escolas de Idiomas, ensino secundário a partir do ano passado, e ao mesmo tempo trazer projetos culturais portugueses e integrá-los na agenda cultural galega.»

«Na Galiza, dada a intensidade das relações, e a profundidade com que se pode trabalhar no ambiente cultural, temos essa facilidade: os projetos culturais portugueses são integrados de forma natural numa agenda geral galega».

No âmbito da atualidade do instituto, o professor Rego informa de que «colaboramos com as instituições sociais galegas, quer sejam públicas, de carácter associativo ou mesmo empresarial. […] Neste momento uma das grandes prioridades tem sido a aplicação do Acordo Ortográfico. No primeiro semestre de 2010 fizemos uma ofensiva no que tem sido a formação em torno ao Acordo Ortográfico junto do corpo de Docentes de Português da Galiza. E devo dizer que foi um éxito, portanto, a Galiza a nível de aplicação do Acordo Ortográfico vigente nos países da CPLP, tem sido um modelo a seguir».

Para uma promoção conjunta e eficaz da língua portuguesa, o prof. Rego afirma que «É necessário que as embaixadas de todos os países lusófonos do mundo tenham uma agenda mais convergente». «O crescimento económico do Brasil é ainda uma novidade que temos que aproveitar».

A respeito da Galiza e a CPLP «compete ao governo autónomo da Galiza posicionar-se face ao que é o conjunto dos países da CPLP. Jamais Portugal ou as instituições portuguesas devem pronunciar-se sobre algo que é uma matéria doméstica, ou seja, apesar de sabermos que tem a ver com a política externa da Galiza é um assunto que entendemos como interno das instituições públicas galegas».

Samuel Rego acaba manifestando-se a favor da elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum, que considera «extremamente positivo», e pela existência da AGLP sobre a qual «o Instituto Camões só tem a congratular-se pelo facto de existir instituições na Galiza que se dediquem ao estudo e promoção da língua portuguesa».

II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor João Malaca Casteleiro

«Hoje temos que entender o português europeu
como tendo duas normas, a norma portuguesa e a norma galega»

AGLP / PGL - Continuamos com as entrevistas realizadas durante o II Seminário de Lexicologia organizado pela AGLP o passado mês de setembro. É a vez do distinguido professor João Malaca Casteleiro, grande promotor do Acordo Ortográfico e da política comum sobre língua entre todos os países de língua portuguesa.

O professor inicia a sua entrevista de maneira clara: «Hoje temos que entender o português europeu como tendo duas normas, a norma portuguesa e a norma galega». A continuação apresenta o projeto no que está a trabalhar neste momento que é o Dicionário Ortográfio e de Pronúncias.

Casteleiro manifesta-se a favor da elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum como elemento para promover a unidade da língua comum incluindo todas as variantes e as suas normas cultas «não apenas dos oito países [de língua portuguesa] mas também da região administrativa especial de Macau e também da Galiza».

O professor Casteleiro admite que «são precisos materiais didáticos» para a implementação do Acordo Ortográfico nas escolas e nos âmbitos profissionais e sociais em que a língua é elemento indispensável.

Sobre as contribuições para uma maior afirmação da língua portuguesa no mundo, o professor explica que «Neste momento podemos dizer que existe já uma política externa da língua portuguesa admitida pela CPLP. Eu próprio tive ocasião de participar em finais de março passado numa grande reunião promovida pelo Brasil, em Brasília, com os representantes de todos os países de língua portuguesa em que foi exatamente consagrada a missão de uma política externa da língua portuguesa. A atual direção da CPLP está muito empenhada em promover essa política.»

«Acho que é muito importante que a norma galega do português, portanto é uma norma galega como há a norma portuguesa no plano europeu, que ela se afirme» […] «A Academia Galega da Língua Portuguesa é um instrumento muito importante dessa política e nomeadamente nas publicações que faz aceitou desde logo o Acordo Ortográfico. Isso é muito importante para a afirmação da norma galega do português no plano da lusofonia.»

Já no fim o Professor lembrou as vantagens económicas e de divulgação cultural que tem o uso da língua comum e a percentagem em valor económico que a língua portuguesa tem para Portugal, a qual representa um 17% do valor total das atividades económicas do país luso. Mostrou-se a favor de promover a unidade essencial da língua e a sua promoção em todos os espaços nacionais e internacionais, porquanto a nossa é a terceira língua europeia mais falada no mundo.

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