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Pesar pela morte de Evanildo Bechara, eminente gramático e filólogo brasileiro e correspondente da AGLP

Ele defendia que “do ponto de vista linguístico, o galego nunca se separou do português”. Assim o indicou em 2008 quando, como representante da Academia Brasileira de Letras, participou em Compostela no lançamento da Academia Galega da Língua Portuguesa

Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/dicionaristas-aguardam-decisao-que-acaba-de-ser-atualizada-pelo-filologo-evanildo-bechara-3572905


AGLP. 25/05/205

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) recebeu com enorme pesar e tristeza a comunicação da morte no Rio de Janeiro de Evanildo Bechara, aos 97 anos. Este eminente gramático e filólogo brasileiro é referente central e indiscutível no seu campo de estudo, com grande projeção internacional.

Evanildo Cavalcante Bechara, nascido em Recife em 26 de fevereiro de 1928, exerceu como Professor Titular e Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo mestre de várias gerações. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filologia, e membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Galega da Língua Portuguesa.

Foi também o representante brasileiro no Acordo Ortográfico que está a vigorar para a língua portuguesa. Ele defendia que “do ponto de vista linguístico, o Galego nunca se separou do português” e fazia e faz parte da língua comum. Assim o indicou em 2008 quando, como representante da Academia Brasileira de Letras, participou em Compostela no lançamento da Academia Galega da Língua Portuguesa.

Evanildo Bechara teve relação com a Galiza desde as décadas finais do século XX, e esteve em várias ocasiões em encontros com especialistas que defendiam a língua própria da Galiza como expressão da Língua Comum do Português. Entre essas atividades, Evanildo Bechara participou nas palestras que organizou o grupo promotor da Academia Galega da Língua Portuguesa na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela, junto do Professor Malaca Casteleiro da Academia das Ciências de Lisboa, em outubro do ano 2007.

Depois, de novo em Santiago de Compostela, representou a Academia Brasileira de Letras na Sessão Inaugural da AGLP, em 6 de outubro de 2008, como também no Seminário de Lexicologia realizado em 5 de outubro de 2009.

Destarte, o professor apoia, desde a primeira hora, o nascimento da nossa instituição, trazendo o apoio da centenária academia brasileira à mais jovem entre as da língua portuguesa”, segundo se salientava no “Editorial” do número 3 do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (BAGLP), editado em 2010 e dedicado na sua homenagem como grande intelectual, mas também homenagem à sua figura humana e como brasileiro universal.

Na sua intervenção pública o 6 de outubro de 2008 na cidade de Santiago de Compostela, no ato de lançamento da AGLP, Bechara afirmou:

...do ponto de vista linguístico, o Galego é uma vertente desta realidade da língua histórica que se chama língua comum, que é o grande guarda-chuva ideal, modalizado pela cultura, que abriga todas as variedades linguísticas de todos os quadrantes geográficos em que essa realidade maior que se chama língua portuguesa é falada e escrita. De modo que do ponto de vista linguístico, o galego nunca se separou do português como uma entidade que pertence a essa realidade histórica que caracteriza uma língua de civilização e de cultura como é o português”.

Esta intervenção sua está recolhida também no número 2 do BAGLP. Naquela altura, Evanildo Bechara referiu-se à AGLP como uma porta aberta para a integração na Língua Comum, segundo recolheu a comunicação social.

Da sua ampla produção científica merece destaque a Moderna Gramática Portuguesa, cuja primeira edição data de 1961, com 37 edições até finais do século XX e que continuou a ser publicada no XXI com novas edições por ele revistas e ampliadas.

Também são da sua autoria outros títulos como Gramática Escolar da Língua Portuguesa (2001), Lições de Português pela Análise Sintática (2004), Gramática Fácil, Minidicionário da Língua Portuguesa, O que muda com o novo Acordo Ortográfico ou A Nova Ortografia.

A Associação Saúde e Terra reclama diálogo institucional com a AGLP para melhorar a situação da língua da Galiza

Propõe chegar a acordos “no caminho de alargar as liberdades linguísticas e normativas para a sociedade galega”

AGLP. 05.05.2025. Texto: J. Rodrigues Gomes; Coordenação Linguística: Antia Cortiças Leira; Produção: Xico Paradelo.


A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) quer agradecer a Saúde e Terra, que se apresenta como “a associação das pessoas que querem melhorar Galiza”, a sua proposta de que se dialogue com a nossa instituição para mudar a situação da língua autóctone da Galiza e conseguir uma situação mais favorável para a mesma. Assim o faz numa das suas últimas declarações públicas, difundida em abril, onde insiste na necessidade de diálogo do conjunto do galeguismo cultural e linguístico do país, com um apelo especial ao respeito para a Real Academia Galega, com ensejo do relevo na sua Presidência.

Entendemos que esse diálogo deveria acabar nuns acordos que vaiam no caminho de alargar as liberdades linguísticas e normativas para a sociedade galega, com o fim de lograrmos uma sociedade mais democrática e inclusiva num tema tão sensível a nível pessoal e identitário como é o da língua galega”, afirmam. Põem em destaque a “terrível crise que está a sofrer a nossa língua nacional a nível de uso e prestígio na sociedade galega”, como assim o evidenciam estudos oficiais que promoveram as Administrações Estatal e Autonómica da Galiza. Saúde e Terra assinala que só a união faz a força, e advoga por cumplicidades e apoios mútuos. “Que não se estrague mais uma vez a oportunidade de encontrarmo-nos num caminho comum na defesa do nosso tesouro mais prezado”, conclui.

A doutrina de Castelao

Num trabalho anterior (uma linha com que a AGLP também concorda plenamente), esta associação galega, com ensejo da declaração de 2025 como Ano Castelao por parte do Governo autonómico da Galiza, para honrar a memória do político, intelectual e artista Afonso Daniel Rodríguez Castelao, tinha manifestado (https://saudeeterra.gal/a-xunta-e-o-ano-dedicado-a-castelao/) que “Neste ano Castelao, desde Saúde e Terra também esperamos que não se oculte o Castelao que insistentemente, uma e outra vez, defendia a unidade linguística do galego e o português, desejando, segundo as suas próprias palavras, que se confundissem um com o outro [...] esperamos desde Saúde e Terra que se trabalhe noutra das grandes metas que Castelao queria para a Galiza, uma relação fluída e constante com o resto dos países da Lusofonia. Por isso esperamos que se intensifiquem muito mais as incipientes ligações do governo galego e da sociedade galega com o mundo lusófono tanto a nível cultural como economicamente, algo que mesmo pessoas integradas no nacionalismo galego ou no sistema cultural, nomeadamente o literário, parecem não ter muito claro”.

Saúde e Terra tem-se manifestado na sua página web oficial, a respeito de outros assuntos da atualidade linguística, cultural, económica, ambiental e política da Galiza, com perspetiva nacionalista.

 

O Parlamento Galego aprova dar um maior reconhecimento a Isaac Alonso Estraviz, promotor da AGLP

O ilustre lexicógrafo e lexicólogo publica um livro de contos, com o apoio da “Xunta de Galicia

 

AGLP. 02.05.2025. Texto: J. Rodrigues Gomes; Coordenação Linguística: Antia Cortiças Leira; Produção: Xico Paradelo.


 

 


O Pleno do Parlamento de Galiza aprovou instar ao Governo Autonómico para “continuar impulsando os vínculos” com a comunidade lusófona através do reconhecimento ao trabalho de pessoas como Isaac Alonso Estraviz. Foi esta uma das resoluções do debate anual sobre política geral aprovadas no Pleno da Câmara Legislativa celebrado o dia 23 de abril, que a instituição difunde na Rede, nesta ligação.

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) parabeniza o Parlamento por este acordo, que destaca a personalidade de Alonso Estraviz, um dos promotores da nossa instituição, e também o primeiro vice-presidente, membro da Comissão de Lexicologia e Lexicografia, e do Conselho de Redação, de Administração e Científico do Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (BAGLP). Estraviz é também um dos máximos referentes do movimento reintegracionista, que busca a confluência da língua autóctone da Galiza com a dos povos da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP) e autor do célebre e emblemático Dicionário Estraviz (disponível para acesso geral em www.estraviz.org): a edição eletrónica deste repositório começou em 2005, no Portal Galego da Língua e completou 20 anos de serviço na Internet para a Galiza e para toda a comunidade lusófona em janeiro deste ano 2025 (ver nesta ligação). A proposta de resolução no Parlamento de Galiza foi apresentada e defendida por Armando Ojea, deputado de Democracia Ourensana, pertencente ao Grupo Mixto. O texto definitivo foi o resultado de uma transação com o maioritário Grupo Popular. Foi aprovado por 66 votos a favor, nenhum em contra e 9 abstenções.

Uma obra monumental

Uma obra monumental como o Dicionário Estraviz, que ultrapassa os 155.000 verbetes e continua a ser acrescentado e atualizado, justificaria esse reconhecimento institucional. Porém, a produção de Estraviz em prol da língua e a cultura galegas começou em 1959 e continua com novas produções na atualidade, quando já entrou na casa dos 90 anos de idade. Ele exerceu, profissionalmente, de professor no ensino não universitário, e depois na Universidade de Vigo, tendo-se doutorado na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela.

O Dicionário Estraviz tem como precedentes outros dicionários galegos, também da sua autoria, impressos e publicados em 1983 (na editora Nos, da Corunha), 1986 (na Alhena, de Madrid) e 1996 (sob a chancela da Sotelo Blanco, de Santiago de Compostela).

Além disso, em 1987 publicou Estudos filológicos galego-portugueses; no ano 2000, Os intelectuais galegos e Teixeira de Pascoaes: epistolário, junto com Eloísa Álvarez, docente da Universidade de Coimbra; no 2011, Santos Júnior e os Intelectuais Galegos. Epistolário; no 2014, Os falares dos concelhos de Trasmiras e Qualedro, que tinha sido a sua pesquisa de doutoramento; além de participar em numerosas colaborações em revistas científicas e literárias editadas na Galiza, Portugal e Espanha; e um volume literário publicado em 1973 numa célebre coleção da editora Castrelos, de Vigo. Este volume de contos foi agora reeditado, e acaba de sair do prelo, sob a chancela da Visualq, com o título Contos com reviravolta. São um conjunto de 15 pequenas histórias (“Das Lagoas a Ourense”, “O arado vai fendendo a terra”, “O ferreiro sabido”, “Um novo amencer”, “O marquês sem cuidados”, “A coelha Maripepa”, “Manolinho, o das gravatas”, “Não tínhamos saída”, “Aquelas covas”, “ ‘Ai, os curas, mãe que os pariu!’”, “Viagem a Chaves”, “Quem dera!!!”, “Salmo Ascensional Galego. Santiago de Compostela, Coração da Alma Galega”, “O senhor Lupário” e “Como nasceu a música”). O livro acompanha-se  com ilustrações na capa e páginas interiores de Jocabed Fernández González e um texto introdutório de José Luís Fernández Carnicero. Conta com o apoio da “Xunta de Galicia”, através da “Secretaría Xeral da Lingua”. Estraviz acrescentou alguns relatos novos aos incluídos na edição de há 52 anos.

Em 1986, Isaac Alonso Estraviz foi representante da Galiza nas reuniões para um Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, celebrado no Rio de Janeiro. Entre os diversos reconhecimentos que tem recebido, merece salientar-se também o ter sido designado membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.

No ano 2013 a editora Através publicou o livro Conversas com Isaac Alonso Estraviz, da autoria do professor Bernardo Penabade, em que se esclarecem os principais aspetos da sua biografia e trajetória.

DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E CULTURA NA CPLP 2025

ENCONTROS NA CASA DA LUSOFONIA
DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E CULTURA NA CPLP
DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
3 de maio 2025


A Casa da Lusofonia de Santiago de Compostela, sede da Academia Galega da Língua Portuguesa, na rua de Emílio e de Manuel, núm. 3, acolherá a celebração do Dia da Língua Portuguesa e Culturas da CPLP, o dia 3 de maio de 2025.
A data de 5 de maio foi oficializada para esta celebração pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a que a UNESCO aderiu em 2019, instaurando o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Em anos anteriores focalizou a atenção em aspetos como o desaparecimento da massa florestal no território de São Tomé e Príncipe, ou o recitado de poesia lusófona originária de diversos territórios, dando a conhecer a diversidade existente nesta comunidade de países e regiões que partilham a língua de Rosalia Castro, Guimarães Rosa e Luandino Vieira.
Assim, no ano 2025 a AGLP, que faz parte da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, dos Observadores Consultivos da CPLP, organiza uma conferência sob o título CAMÕES, CLASSICISMO E POESIA, com palestras de:

  • José Luís Rodríguez
  • Isabel Morán Cabanas
  • Carlos Quiroga, e
  • Ângelo Cristóvão

Une-se deste modo ao Anno de Camões, no V centenário do nascimento do grande poeta. O ato será completado com o recitado de poesia de Luís de Camões.
Terá lugar na Casa da Lusofonia o sábado 3 de maio, com início às 10:30


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