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‘Os 13 de Roma’

José-Martinho Montero Santalha

José-Martinho Montero Santalha, principal impulsionador
do manifesto para a supervivência da cultura galega

E. Maragoto - A história do reintegracionismo remonta décadas atrás, mas houvo que esperar aos anos em que se aproximava a co-oficializaçom do galego para que um nutrido grupo de intelectuais inaugurasse umha prática ortográfica constante, formulando ao mesmo tempo propostas concretas e coerentes com as posturas teóricas que defendia o galeguismo.

O ‘Manifesto pola Sobrevivência da Cultura Galega’, conhecido polo manifesto dos ‘13 de Roma’, marcou um ponto de inflexom na história deste movimento, defendendo passos mui definidos na integraçom cultural galego-portuguesa. Chama a atençom por ter sido assinado por 13 jovens residentes na capital italiana, na sua maioria padres e seminaristas. Lembramo-lo através do seu principal impulsionador: José-Martinho Montero Santalha.

O ‘Manifesto’ foi redigido por Montero Santalha e era síntese de um texto maior intitulado ‘Em prol da integraçom lingüística galego-portuguesa’ (EPILG-P). Nom admira, Santalha pode ser considerado o pai da praxe reintegracionista moderna, sendo o autor da primeira sistematizaçom ortográfica desta proposta: Directrizes para a Reintegraçom Lingüística Galego-Portuguesa, de 1979.

Assinavam o ‘Manifesto’ 12 jovens mais, como ele maioritariamente padres e seminaristas, residentes na capital italiana nos primeiros anos da década de 70. Dous já morrêrom (o professor de secundária Manuel Garcia Otero, e o bispo auxiliar de Madrid Uxio Romero) e só Martinho Montero continua na actualidade vinculado à língua.

O documento propunha medidas para equilibrar a presença do galego-português e do castelhano no ensino, na administraçom, nos meios de comunicaçom e na Igreja, insistindo na necessidade de restabelecer o contacto com o mundo luso-brasileiro. Algumhas propostas, como a da recepçom da televisom e da rádio portuguesas na Galiza, apresentam umha concreçom parecida à das levadas na actualidade ao Parlamento galego.

Numha altura em que a polémica lusismo-isolacionismo nom acendia tantas paixons como só uns anos depois, o texto foi aprovado sem problemas polas 13 pessoas reunidas: “Entreguei-lhes umha cópia do texto e fomos de merenda à antiga cidade romana de Ostia Antica, onde foi lido em voz alta e comentado.”

Os elogios nom tardárom a aparecer, mesmo de pessoas que anos depois se tornariam contrárias ao reintegracionismo, como Alonso Montero ou Ramom Pinheiro, ainda que este último preferisse nom publicá-lo em Grial (em 1973) polas ‘circunstáncias’ políticas que atravessava a Galiza e o próprio conteúdo político do texto. Mas os aplausos mais fervorosos fôrom de Xavier Alcalá e Rodrigues Lapa, que anos antes publicara o polémico artigo ‘A Recuperaçom Literária do Galego’.

Na apresentaçom do ‘Manifesto’ que escreveu para a revista portuguesa Seara Nova, que dirigia, dedicava estas palavras ao documento base do mesmo (EPILG-P): “por sua lucidez e documentaçom exaustiva, deverá estar na base de todo quanto daqui em diante se escrever sobre o problema do galego”.

Os 13 de Roma

Publicado no Verao de 1974, o ‘Manifesto’ foi umha das últimas actividades do grupo de sacerdotes e seminaristas que estudárom em Roma ao longo da década de sessenta e setenta. O processo de renovaçom que se deu na Igreja a partir do Concílio Vaticano II ajudou muitos católicos a valorizarem a cultura própria e começárom a fazer actividades relacionadas com a traduçom de textos litúrgicos.

Santalha lembra no Portal Galego da Língua como os influiu a traduçom dos Evangelhos de Morente e Espinha ou a dos Salmos de Alonso Estraviz. Apesar de estarem a viver num país livre, decidírom assinar algumhas traduçons com um nome colectivo, ‘os Irmandinhos’, a proposta do pároco de Aguinho, que se conformou como grupo aberto com diferentes ritmos de colaboraçom e entre os quais também se encontrava Joám Trilho.

Anos depois, com a publicaçom do ‘Manifesto’ em galego-português na Seara Nova e em castelhano em Cuadernos para el Diálogo, este grupo de padres galeguistas viria a ser baptizado como ‘os 13 de Roma’, precisamente por parte de um dos críticos mais severos, Francisco Rodríguez, no livro Conflito Lingüístico e Ideoloxia na Galiza, de 1976.

O galego e a Igreja

Eram anos de entusiástica renovaçom eclesial, e o próprio Santalha, de volta à Galiza em 1974, trabalhou na pasta mensal ‘Boa Nova’ e no Centro de Estudos Eclesiásticos de Santiago de Compostela, participando activamente na elaboraçom de textos homiléticos junto com outros sacerdotes comprometidos com a realidade galega. A decepçom chegou depois, com o seu afastamento da revista Encrucilhada em que estivo muito implicado nos primeiros anos.

A opçom gráfica nom foi alheia a esta decisom e a própria direcçom da revista chegou a proibir a publicaçom de textos com ortografia reintegrada. Aos poucos, Santalha foi centrando o seu trabalho público na defesa do reintegracionismo e talvez isto tenha influído em que as primeiras reunions da Associaçom Galega da Língua se realizassem em centros eclesiásticos.

À vista do menosprezo histórico que a Igreja exibiu em relaçom ao galego, estas notas parecem um parêntese irrepetível, mas Santalha matiza: “Mais que de ‘excepçom’, devíamos falar de ‘minoria’. Isto mesmo acontece na sociedade galega em geral: Universidade, partidos políticos, jornais, desporto... a Igreja é uma parte mais da sociedade, e, como o resto, no que di respeito à língua, é mais vítima do que protagonista.” A evoluçom para o reintegracionismo de muitos padres naquela altura relaciona-a o padre ortegano com “a boa formaçom humanística e em línguas que tinha a maioria do clero.”

O ‘Manifesto’ hoje

O ‘Manifesto’ foi criticado na altura por Francisco Rodríguez, já que só pedia, em pleno franquismo, 50% de presença do galego em ámbitos como os meios de comunicaçom ou o ensino. Em 1991 Pilar Garcia Negro reeditaria críticas semelhantes. Longe de se atingirem em 2008 as percentagens reivindicadas naquele texto, perguntamos a Santalha que tipo de manifesto seria preciso hoje: “a situaçom da língua é agora mais dramática; teria que ser assinado polas principais instituiçons culturais galegas.”

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Fonte original:

 

Associação Pró Academia apresentada nas Jornadas Somando Esforços pola Língua

Intervenção de Luís Gonçales Blasco
nas Jornadas Somando Esforços pola Língua

O passado sábado, 16 de fevereiro, tivérom lugar no Museu Verbum - Casa das Palavras, em Vigo, as Jornadas Somando Esforços pola Língua, organizadas pela Associaçom Galega da Língua. Na segunda das Mesas Redondas agendadas, sob o título "Soluções, propostas e actuações na defesa da língua da Galiza", interveio Luís Gonçales Blasco em representação da Associação Pró Academia Galega da Língua Portuguesa.

O professor Gonçales Blasco apresentou o projeto da Academia Galega da Língua Portuguesa e os seus objetivos, “umha instituição que não nasce contra ninguém”, passando a explicar a génese da mesma, a situação atual em que se encontra o processo de criação e as dificuldades que enfrenta. O professor deixou claro que este novo projeto nasce para realizar o seu labor de forma independente, contribuindo para a visibilização da Galiza como país lusófono em âmbitos académicos ou institucionais lusófonos.

Mais info:

Llengües Vives noticia criação da Associação Pró Academia

Mapa do Llengües Vives

aragonés (4), astur-lleonés (2), català (6), euskara (3),
galaico-português (1), occitan (5), sardu (7)

O número 64 do Llengües Vives, boletim da actualidade lingüística do sudoeste europeu, noticia o debate sobre a recepçom das televisões portuguesas na Galiza e a criaçom da Associação Cultural pró Academia Galega da Língua Portuguesa, além de fazer um breve repasso a outras notícias de actualidade.

Associação Cultural Pró Academia Galega da Língua Portuguesa

Em 2006, durante o V Colóquio Anual da Lusofonia (Bragança), o catedrático Monteiro Santalha relançava a ideia de criar uma Academia Galega da Língua Portuguesa. Constituiu-se para tal fim umha Comissom Promotora da AGLP, que em Outubro de 2007 realizou umha apresentaçom da proposta na Faculdade de Filologia da USC, com a presença dos professores Malaca Casteleiro da Academia de Ciências de Lisboa e Evanildo Bechara da Academia Brasileira de Letras. Agora, em Dezembro de 2007, acaba de ser criada a Associação Cultural Pró AGLP, presidida por Ângelo Cristóvão. Para além disso, a marca AGLP já foi registada oficialmente nos dous estados ibéricos (www.aglp.net).

Llengues Vives, núm. 64. Janeiro de 2008.

Capa do Llengües Vives 64

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Processo de criação da Academia no Frontera Notícias

AGLP no Frontera Notícias

Jornal da actualidade minhota/galega publica reportagem na página 4

O Frontera Notícias dá conta novamente, desta na sua edição de novembro, do processo de criação da Academia Galega de Língua Portuguesa, ao noticiar com destaque o primeiro acto público, em Santiago de Compostela, da comissão instaladora do novo organismo. A presença dos professores Evanildo Bechara e João Malaca Casteleiro, dando apoio ao projeto, é muito ressaltada pelo jornal da actualidade minhota/galega.

"Academia Galega Lusófona chama as atenções do Brasil", eis o grande título com que na página 4 o Frontera  encabeça a dita reportagem, em que também é  destacada a frase proferida nas Conferências Pró Academia pelo professor João Malaca Casteleiro: «Temos que ser poliglotas dentro da própria língua».

É de salientar também que neste número, o jornal da actualidade minhota/galega publica trabalho de destaque para evocar a figura e a obra do professor Rodrigues Lapa, o filólogo que mais defendeu a causa galega.  "Rodrigues Lapa, a Língua e a Galiza" serve de tema central ao trabalho desenvolvido que o Frontera Noticias dedica à figura e à obra do grande filólogo português, um dos investigadores que mais contribuiu para a reintegração da língua galega no sistema linguístico luso – brasileiro – africano.

Nesse trabalho, da autoria do jornalista Pedro Leitão, o jornal cita a célebre frase de Rodrigues Lapa sobre a questão galega: «só é preciso que o povo galego aceite uma língua que lhe é brindada numa salva de prata». É ainda referida a terra natal de Rodrigues Lapa, Anadia, no centro de Portugal: lembra-se que Lapa veio ao mundo no… limite sul do Reino da Galiza (Anadia fazia parte desse reino, assim como da antiga província romana da Galécia, o que constitui mais uma curiosidade sobre Lapa e a sua terra).

 Rogrigues Lapa no Frontera Notícias

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