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II Seminário de Lexicologia - Entrevista à professora Margarida Costa

«Seria muito vantajoso que o galego fosse considerado
uma variedade  do português»

AGLP / PGL - Nesta quarta entrevista, na sequência das já publicadas pela AGLP em colaboração com o PGL , a professora Margarida Costa, da Porto Editora , apresenta os produtos da editorial e manifesta-se a favor da defesa das variedades dentro da língua portuguesa.

A entrevista começa por apresentar a Porto Editora: «É a maior editora no mercado de língua portuguesa. É a que tem maior representatividade» com a publicação de dicionários de diversas línguas como o russo, o polaco, o sueco, etc. «Por outro lado estamos implementados em África, em Angola e Moçambique através da Plural Editores» e «temos várias parcerias com editoras europeias e brasileiras» pelo que a Porto Editora está bem representada «em termos não só nacionais mas também no mercado internacional».

A professora falou a seguir do Grande Dicionário, objeto da sua apresentação no II Seminário de Lexicologia da AGLP e destacou, entre outras publicações, o conhecido Dicionário da Língua Portuguesa, que acompanha a editora desde a sua fundação.

Tendo em conta o incremento de procuras através da Internet, a Porto Editora oferece dentro dos seus produtos informáticos o portal Infopédia, que reune as páginas de vinte e um dicionários prontos para consulta.

O Acordo Ortográfico é visto como uma oportunidade para renovar os produtos da empresa. A editora aproveita o periodo de transição para oferecer um serviço de orientação ao usuário, fornecendo a forma que as palavras tinham e, ao lado, a forma atual.

Margarida Costa mostrou-se a favor de Portugal reforçar uma posição ativa na área da expansão da língua e a cultura portuguesa, no investimento em educação e no reforço das variedades linguísticas «por exemplo, através da publicação desse Vocabulário Ortográfico Comum que tanto aguardamos».

«Tendo em conta a proximidade entre Portugal e a Galiza, mais o Norte de Portugal com a Galiza, é uma ligação muito forte, muito estreita, tanto a nível cultural como a nível linguístico, eu penso que considerar o galego como uma variedade do mesmo idioma só traria vantagens. Todos sabemos que tendo a mesma língua, se trabalharmos com a mesma língua, se nos comunicarmos na mesma língua todas as relações comerciais e culturais seriam facilitadas. Portanto, seria muito vantajoso para ambos que o galego fosse uma variedade do mesmo idioma, como é a variedade brasileira, a variedade angolana, a variedade portuguesa».

A professora Margarida Costa acabou por desejar a pronta elaboração e publicação do Vocabulário Ortográfico Comum precisamente para poder aglutinar num único texto todas as variedades idiomáticas e elaborar sobre essa base os futuros textos pedagógicos da língua portuguesa.

II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor Evanildo Bechara

Evanildo Bechara mostra-se a favor da aplicação do AO na Galiza
e de um entendimento entre a AGLP e a RAG

 AGLP / PGL - Na entrevista, realizada por Breogão Martínez Vila, do Portal Galego da Língua, durante o II Seminário de Lexicologia da Academia Galega da Língua Portuguesa, o professor Bechara começou advertindo que a Academia Brasileira de Letras encontra, inconscientemente, um obstáculo à realização da tarefa que tem encomendada, porquanto deve tratar de língua, e não principalmente de linguística.

Explicou isto da seguinte forma:

"A ABL preocupa-se com a língua e o seu estudo, mas ela não quer ser uma instituição de linguística. Hoje encontramos no Brasil um movimento no sentido de dar uma feição linguística ao ensino da língua. Na Academia temos procurado mostrar que cabe ao professor de língua um papel diferente do professor de linguística".

"Todas as manifestações linguísticas interessam ao linguista, o que não ocorre com o professor de língua portuguesa, que se preocupa em mostrar ao aluno que, ao lado da sua realidade de competência linguística, qualquer e ela seja, existe uma realidade imposta pelas injunções sociais, e que ele tem de se manifestar, em determinadas situações, dentro dessa norma chamada exemplar. Isso não significa que a Academia vai fechar os olhos às outras realidades linguísticas, mas tem de mostrar que ao lado das outras realidades linguísticas existe uma que tem um prestígio cultural e que deve ser aprendida pelo aluno. Então a Academia insiste em que o trabalho do professor de língua é transformar o aluno num poliglota dentro da sua própria língua".

Continuou ainda explicando os saberes que o aluno tem de adquirir, em termos do professor Coseriu: Elocutivo, idiomático e expressivo. "O saber elocutivo é saber falar com congruência. O saber idiomático é saber a língua, saber usá-la com correção. O terceiro é o saber expressivo, saber construir textos orais ou escritos em determinados momentos. E cada um dos saberes tem a sua eficácia".

Relativamente ao Acordo de 1990, indicou que "não pretende ser apenas um disciplinador na grafia das palavras da língua comum. Mas pretende na medida do possível ser também um elemento unificador das terminologias científicas". Referiu o exemplo das terminologias geográficas, pondo o exemplo a divergência na escrita dos nomes das cidades de Moscovo / Moscu e Estugarda /Stuttgart. "O que o Acordo propõe é ao lado da unificação da grafia dos nomes comuns, haja na medida do possível uma unificação entre os países lusófonos, da sua terminologia técnica e científica. Para a medicina, física, química, internet, botânica, toponímia, etc".

Aplicação do Acordo Ortográfico na Galiza

No tocante ao caso da Galiza, o professor é da opinião de aproximar o mais possível o galego das regras do Acordo de 1990. "Por exemplo, escrever o n com til encima, fonema que pode ser representado pelo grafema nh, há grandes possibilidades de no galego se adotar esse grafema, em vez do n com til, que é uma representação mais castelhana".

Finalmente, respondendo à pergunta do entrevistador sobre o trabalho da AGLP, o gramático brasileiro entende "que esta Academia Galega da Língua Portuguesa tem tudo para se fixar. Em primeiro lugar, está fundamentada em princípios científicos. Em segundo lugar, tem na sua presidência e no seu corpo diretivo um conjunto de filólogos e linguistas do mais alto valor. E em terceiro lugar, existe nesta nova Academia Galega da Língua Portuguesa um espírito de pacificação, de solidariedade para se aproximar da academia galega atual".

"De modo que os princípios científicos, os homens que estão na direção desses princípios científicos, e o desejo honesto de chegar a uma solução pacífica naqueles problemas de diferença entre as duas academias, a atual e a AGLP, eu acho que esses três princípios fazem com que nós, do lado de fora, imaginemos os melhores resultados de aproximação dessas duas academias".

II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor Raul Rosado Fernandes

Professor Rosado Fernandes defende a aproximação das academias
à sociedade civil, bem como a sua internacionalização

AGLP / PGL - Continuamos com a série de entrevistas a participantes no II Seminário de Lexicologia , realizado pela AGLP o dia 25 de setembro de 2010 em Santiago de Compostela. Após a entrevista ao catedrático Montero Santalha, agora é a vez do professor Raul Rosado Fernandes, académico efectivo da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).

O professor Raul Rosado Fernandes é professor catedrático jubilado do Departamento de Filologia Clássica da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, universidade de que foi Reitor entre 1979 e 1982, bem como Investigador do Centro de Estudos Clássicos daquela Faculdade, na área das Fontes Clássicas da Cultura Portuguesa. No II Seminário de Lexicologia da AGLP participou em representação da ACL.

Em resposta às perguntas do entrevistador Breogão Martínez Vila, do Portal Galego da Língua, começou indicando a necessidade de alargar o espaço das academias. “Têm de penetrar mais nos interesses da sociedade civil, têm de se ligar mais à evolução da tecnologia, inclusive para encontrar um vocabulário que seja aceitável para as invenções tecnológicas...” Frisou que a ACL vai ter “uma espécie de universidade para seniores”, para acrescentar o contacto com a sociedade civil, e salientou a necessidade de internacionalização das Academias.

Entre as tarefas que o incumbem na tarefa académica, o professor Rosado Fernandes está ligado ao grupo de trabalho que está a fazer uma revisão do Dicionário da ACL. Já no terreno dos estudos clássicos, está interessado também em fazer uma comparação entre os cânticos homéricos e os servo-croatas e albaneses, ligando isso a o escritor albanês Ismail Kadare.

Relativamente ao papel político da língua portuguesa, entende que pode entrar como língua de trabalho em diversos organismos internacionais, o que precisará de muitas negociações. Neste terreno, o papel do Brasil poderá ser decisivo. Finalmente, relacionou a promoção da língua com a investigação e, por consequência, as patentes.

II Seminário de Lexicologia - Entrevista a José-Martinho Montero Santalha

Presidente da AGLP anuncia início dos trabalhos
para a elaboração da Gramática do Português da Galiza

 AGLP / PGL - A Academia Galega da Língua Portuguesa e o Portal Galego da Língua iniciam a emissão de 8 entrevistas aos responsáveis das instituições galegas, portuguesas e brasileiras participantes no II Seminário de Lexicologia , realizado pela AGLP o dia 25 de setembro de 2010 em Santiago de Compostela.

Inicia-se esta série com o Presidente da Academia Galega, José-Martinho Montero Santalha, em resposta às perguntas de Iolanda Mato, da Associação Cultural Pró AGLP. Nas seguintes semanas serão emitidas as correspondentes aos professores Raul Rosado Fernandes (Academia das Ciências de Lisboa), Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras), Samuel Rego (Instituto Camões), Joseph Ghanime (Docentes de Português na Galiza), Margarida Costa (Porto Editora), Carlos Amaral (Priberam Informática) e João Malaca Casteleiro (Academia das Ciências de Lisboa). Em breve a Academia irá disponibilizar também o DVD com a gravação integral do Segundo Seminário.

Nas suas declarações, Montero Santalha salientou as publicações da Academia: Boletim, Anexos do Boletim e Coleção de Clássicos da Galiza, de que foi editado o primeiro número, Cantares Galegos de Rosalia de Castro.

A seguir explicou o sentido da escolha do léxico da Galiza para incluir no Vocabulário Ortográfico Comum: “Aquela parte do léxico galego que seja autêntica e genuína … aquelas palavras que, depois de um estudo bem fundamentado, histórico e filológico, se chega à conclusão de que são autênticas, que não são castelhanismos nem disparates … possa entrar a formar parte dos vocabulários de língua portuguesa”.

Gramática do Português da Galiza

Entre as atividades da Academia, o catedrático da Universidade de Vigo referiu o início da elaboração da Gramática do Português da Galiza, concretizando: “O primeiro é estabelecer a pronúncia culta ..., mas também que nos dicionários portugueses apareça, pelo menos para o léxico galego, a transcrição fonética da pronúncia galega”.

Quanto ao Vocabulário Ortográfico Comum da língua portuguesa, indicou que “nesse caminho se vai. Em Portugal, como no Brasil, as suas academias tinham o seu próprio vocabulário ortográfico, que se vinha re-editando. Ainda se está nesse ponto, mas penso que não haverá grande dificuldade em fazer um Vocabulário Ortográfico Comum. Desde logo, nós os galegos, já demos o nosso contributo, disponível, que já começa a estar recolhido nalguns vocabulários. De modo que não tardará em fazer-se".

Na questão do futuro da língua, indicou: “Temos claro que a língua da Galiza não sobreviverá se quer fazê-lo fora do mundo lusófono. No século XXI criar uma língua independente, que tem menos de 3 milhões de falantes, e já não digamos com a situação problemática dentro da mesma Galiza, com o influxo tão poderoso do castelhano, é um suicídio cultural. De modo que isso temo-lo claro. O galego só vai sobreviver como português. Se não for assim, morrerá, ficará como o resto de uma língua escrita … Sempre haverá uma minoria que defenda a sua língua como português, que talvez chegue a se maioria algum dia, de modo que para o futuro da língua, cremos ser o único caminho”.

Fez finalmente um balanço positivo dos primeiros dous anos de existência da Academia Galega da Língua Portuguesa. Disse que “A acolhida foi surpreendentemente boa em muita gente. Houve também reações contrárias, especialmente ao nome de Língua Portuguesa, mas em geral foi uma acolhida muito positiva”.

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